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6 em cada 10 dizem falar japonês
IDENTIDADE Interesse pelo idioma cresce, e Brasil é hoje o 13º país em número de estudantes da língua japonesa, atrás de Austrália e EUA
ESPECIAL PARA A FOLHA
A pesquisa Datafolha
revela que a comunidade nikkei da cidade de São Paulo
conserva um vínculo forte com a língua japonesa.
Na história dos imigrantes japoneses no Brasil, o idioma é
visto como o elo preponderante, o valor essencial na preservação da sua identidade.
Os primeiros imigrantes
eram alfabetizados -o Japão
passou por um processo de alfabetização em massa nas últimas décadas do século 19- e,
como pensavam em voltar para
o seu país de origem, trataram
de criar escolas de japonês e ensinar a língua para os filhos.
Em abril de 1932, a Associação de Pais de Alunos de Escolas Primárias Japonesas contava com 187 estabelecimentos
reconhecidos. Em 1939, existiam 486 escolas, com cerca de
30 mil alunos. O "nihon gakko"
era não só uma escola, mas um
lugar para transmitir os valores
culturais dos antepassados.
O idioma era tão preservado
que a imprensa em língua japonesa, até a Segunda Guerra, tinha grande volume de títulos.
Uma pesquisa na região da Estrada de Ferro Noroeste, em
1939, mostrava que 87,7% dos
imigrantes declaravam ser assinantes de jornal -cifra altíssima para padrões brasileiros.
Dos 607 entrevistados pelo
Datafolha, 82% declaram entender alguma coisa, 60% afirmam saber falar, 46% dizem
ler, e 43%, escrever em japonês.
Mais de dois terços (73%)
afirmam ter aprendido o idioma em casa, fato que indica o
grau de permanência e o valor
da língua para a comunidade.
Para Jaqueline Mami Nabeta,
diretora-geral de Ensino da
Aliança Cultural Brasil-Japão, o
maior (tem 1.700 alunos) e um
dos mais tradicionais centros de
ensino da língua japonesa no
país, é "preciso descobrir o que as
pessoas têm em mente quando
declaram saber ler e escrever.
Significa que sabem apenas ler e
escrever o nome em hiragana ou
que serão capazes de compreender um texto inteiro?" Segundo
ela, poucos conseguem atingir o
nível 1, o mais alto, no exame de
proficiência da língua da Fundação Japão. Para se sair bem no
exame, é preciso conhecer cerca
de 2.000 kanjis, o suficiente para
ler um jornal.
O número de estudantes de japonês no Brasil está crescendo. O
Centro Brasileiro de Língua Japonesa contabilizava 18.372 estudantes do idioma no Brasil em
1993, distribuídos em 274 escolas, com 868 professores. No censo realizado em 2006, o número
tinha crescido para 21.631, em
544 escolas, com 1.213 professores. Com os números de 2006, o
Brasil era o 13º país em número
de estudantes da língua japonesa.
A Austrália, com 367 mil estudantes, era o terceiro. Os EUA, o
sexto, com 118 mil.
Mas, como ressalva Yoshikazu
Niwa, do Centro Brasileiro, enquanto na Austrália apenas
4.000 e, nos EUA, 14 mil estudavam em escolas particulares, no
Brasil, mais de 16 mil dos cerca de
22 mil pagam para aprender japonês. "Isso mostra que há um
grande interesse pelo idioma
neste país", diz.
(MS)
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