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Convívio mantém algumas arestas
LADO A LADO Pouco mais de um terço vê preconceito contra e de "brasileiros"
MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO
Apesar dos cem anos
de convivência,
44% dos japoneses
e descendentes que
moram em São
Paulo afirmam que há preconceito de nikkeis contra brasileiros. Ele se expressa, segundo
eles, principalmente pelo desejo de japoneses e descendentes
de evitar a miscigenação de raças (22%) ou de andar junto
com brasileiros (18%).
O sociólogo Sedi Hirano, 69,
diz não se surpreender com os
números. "Imigrantes tendem
a se "fechar" quando chegam a
um novo país. No Brasil, como
o grupo [de japoneses e descendentes] era maior, a concentração desses indivíduos era mais
freqüente", afirma Hirano.
Ao todo, 36% dos pesquisados acreditam que também
existe preconceito dos brasileiros em relação aos nikkeis. Ao
serem questionados sobre o tipo de preconceito, aparecem
empatados (com 21%) temas ligados à aparência física (olhos e
fisionomia) e à personalidade
(inteligência e timidez).
A percepção do preconceito
contra os demais brasileiros é
maior entre os netos de japoneses (48%) do que entre os próprios imigrantes que vivem no
país (35%). Para a historiadora
Célia Oi (filha de japoneses), há
um forte sentimento de gratidão na primeira geração, o que
ajuda a explicar essa diferença.
"Lembro do meu pai e do
meu avô dizerem que foram
muito bem-recebidos no Brasil.
Graças a essa vinda para cá, puderam evitar os horrores da
guerra. Puderam trabalhar e
sobreviver. Então não se sentem à vontade para reclamar ou
criticar os brasileiros", afirma.
Situação diferente da experimentada pelas gerações seguintes, segundo ela, que se
sentem mais à vontade para se
expressar, sem tanto compromisso com o passado.
MARCELO SAKATE é neto de japonês. Seu avô
paterno chegou ao Brasil em 1926
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