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"Queria ser fotógrafo; meu pai queria que eu fosse médico"
JUN SAKAMOTO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Meus pais vieram para o Brasil no final da década de 1950.
Meu pai é agrônomo formado
em Osaka. Ele via o Brasil como
uma terra de oportunidades e
veio a contragosto do pai.
Ele abriu uma loja de insumos agrícolas e, depois de um
ano, chamou a minha mãe, que
já era noiva dele. Foram morar
em Presidente Prudente (558
km de São Paulo).
Em 1970, ganhou muito dinheiro com uma colheita e pagou uma viagem nossa ao Japão. Ficamos lá por três meses.
Anos depois, meu pai foi à falência após perder uma plantação de tomate numa geada. No
mesmo período, um dos meus
irmãos morreu. Foram dois
choques violentos para meu
pai, mas ele é um herói. Deu a
volta por cima e conseguiu dar
educação para a gente.
Mas o filho mais velho dele
-eu- não aproveitou muito isso. Eu queria ser fotógrafo.
Meu pai queria que eu fosse
médico, advogado, engenheiro.
Fotógrafo, nem pensar. Ele
sempre foi muito estudioso, e
eu, muito aventureiro.
Meu contato com a culinária
japonesa veio quando viajei a
Nova York e trabalhei como
ajudante-geral de cozinha.
De volta ao Brasil, tentei estudar arquitetura, trabalhei como fotógrafo e como cozinheiro em restaurante japonês.
Minha namorada ficou grávida e decidimos casar. Pedimos
os presentes em dinheiro e,
com mais um empréstimo, juntamos R$ 120 mil. Montei este
restaurante na unha.
Meu pai, que não queria que
eu fosse fotógrafo ou sushiman,
tentou muito. Eu tive de dar o
retorno de outra forma. Acho
que, hoje, que eu tenho independência financeira e um restaurante bem-sucedido, ele deve se orgulhar um pouquinho.
JUN SAKAMOTO, 42, dono do restaurante que
tem o seu nome, é filho de japoneses
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