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"Na mesa de casa, a mistura era visível"
DANIEL HIRATA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Meu pai é nissei, e minha
mãe, descendente de italianos.
Meu pai tem uma forma de
educar estrita, mais japonesa.
Ele não fala muito.
Meus avós vieram para trabalhar na lavoura e fugir da
guerra e se instalaram em
Marília (435 km de São Paulo).
Nasci em Curitiba, mas cresci
em contato com os meus avós e
com a cultura japonesa.
Minha mãe aprendeu a fazer
comida japonesa com a minha
avó. Na mesa da minha casa, a
mistura sempre foi bem visível:
arroz, feijão, bife e tsukemono,
que é uma conserva de vegetais.
Sou formado em turismo. No
começo, meu pai torcia o nariz
para a faculdade.
Bati na porta de um restaurante japonês. Ia trabalhar como garçom, mas aprendi a cozinhar. Até hoje faço algumas receitas da minha avó.
Em 1999, no meio da faculdade, fui para o Japão para estudar japonês, trabalhar em uma
fábrica e juntar dinheiro. Fiquei dois anos e meio.
Eu aprendi palavras em japonês com a minha avó. Por
exemplo, a palavra "ganbatte".
Meu pai sempre diz isso. É um
grito de guerra que significa
não desista, não recue.
DANIEL HIRATA, 29, sushiman do Mori Sushi,
é neto de japoneses
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