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Confisco e briga interna marcaram o período da 2ª guerra
DA REPORTAGEM LOCAL
A Segunda Guerra (1939-1945) trouxe severas restrições aos imigrantes japoneses por parte do governo brasileiro. E, finda a guerra,
ocorreu um confronto dentro da própria comunidade,
com 23 mortes relatadas.
As restrições impostas aos
imigrantes começaram antes mesmo do início do conflito (em que o Japão ficou
do lado do Eixo, com a Alemanha, e o Brasil, com os
Aliados, liderados por Inglaterra, URSS, França e EUA).
Em 1938, o presidente Getulio Vargas proibiu o funcionamento de escolas estrangeiras no país (as principais atingidas foram as japonesas, alemãs e italianas).
Iniciada a guerra, as restrições ficaram mais pesadas
para os japoneses: foi proibida a impressão de jornais em
sua língua, não era permitido falar japonês em locais
públicos, os deslocamentos
entre cidades foram restringidos e os bens, congelados
(não era possível movimentar o dinheiro das contas
bancárias e grandes propriedades passaram a ser administradas por interventores).
A população que vivia no
litoral, principalmente em
Santos, teve de deixar suas
casas em poucas horas e seguir para o interior -havia o
temor de que japoneses e
alemães colaborassem com
submarinos do Eixo.
Jornais da época relatam
que 10 mil famílias, japonesas e alemãs, tiveram de deixar suas casas no litoral.
Já os que viviam em pequenas propriedades no interior praticamente não sofreram restrições econômicas -apenas as sociais.
Shindo Renmei
Terminada a guerra, as
restrições foram suspensas,
mas começava um outro
conflito. Parte dos imigrantes não acreditou que o Japão tinha perdido a guerra e
criou uma seita, a Shindo
Renmei (liga do caminho dos
súditos), para perseguir os
que aceitavam a derrota.
"Boa parte disso ocorreu
pela proibição das publicações em japonês. A maioria
não sabia português, não tinha acesso a informações e
ficou à mercê dessa manipulação", diz o professor Masato Ninomiya, da USP.
"Os japoneses acreditavam que o imperador era divino. Então, como ele perderia a guerra?", diz Ninomiya.
No livro "Corações Sujos"
(Companhia das Letras), o
escritor Fernando Morais
relata que os integrantes da
seita manipulavam imagens
e notícias, para fazer com
que os imigrantes acreditassem que o Japão havia vencido a guerra.
As perseguições se espalharam por todo o Estado.
Foram registradas 23 mortes. A seita só perdeu força
em 1947, quando o governo
de São Paulo intensificou as
prisões (foram mais de 30
mil seguidores), mandando
parte para a prisão da Ilha de
Anchieta.
(FT)
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