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FUTEBOL
O país dos pênaltis
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O país do futebol já pode ser
chamado de país dos pênaltis. A decisão da Copa América
colocou o Brasil em posição privilegiada na história das disputas
de penalidades entre países.
Levantamento feito pela coluna
tendo como base os principais torneios de seleções do planeta
(Mundial, Olimpíada, Copa das
Confederações e competições continentais) apontou que a final entre Brasil e Argentina foi a centésima decisão por pênaltis entre
países em uma disputa de peso.
Os brasileiros estiveram em 10%
dessas decisões. Nenhum outro
país bateu tanto pênalti importante quanto o Brasil.
O país pentacampeão mundial
esteve envolvido em três disputas
de pênaltis em Copas, em duas
em Jogos Olímpicos e em cinco em
Copas América. Argentina, Camarões, México e Nigéria, os que
mais bateram pênaltis depois do
Brasil, registram na história sete
decisões cada um.
No total, 70 países já tiveram
que decidir sua sorte "na marca
da cal" (20 desses não obtiveram
ainda uma vitória sequer nas disputas fatais). Pegando apenas as
seleções que fizeram um número
considerável de decisões por pênaltis (mais de três foi o critério),
só 11 mostram um aproveitamento de vitórias superior a 50%. O
Brasil, com 70%, é o sexto país
mais vitorioso nos pênaltis, proporcionalmente. Curiosamente, o
quinto é a Argentina, com 71,4%
de aproveitamento. Os vizinhos
só perderam nos pênaltis do Brasil: duas vezes em Copa América.
Entre os 17 melhores por aproveitamento, aparecem apenas
dois países europeus, o que derruba bastante a tese de que jogadores do velho continente são melhores batedores de penalidades
pela frieza e qualidade de suas finalizações. Holandeses, ingleses e
italianos não têm trauma de pênaltis à toa. Suas seleções mostram pobre aproveitamento de
20% de vitórias nas penalidades
em relevantes torneios. Em meio
à última Eurocopa, até crianças
inglesas se ofereceram para ensinar ao Beckham como bater penalidades, e os holandeses, quem
diria, começaram a treinar cobranças -venceram assim pela
primeira vez na história uma disputa de pênaltis: 5 a 4 na Suécia.
Alemanha e França, com 66,6%
e 60% de vitórias nos pênaltis,
respectivamente, aparecem como
os países europeus mais bem-sucedidos (os tchecos têm 100% de
aproveitamento, mas estiveram
em só três disputas).
A Europa, de um modo geral,
não se familiariza com as penalidades. Mais que isso, evita os pênaltis com prorrogações, gol fora
de casa como desempate, gol de
ouro e gol de prata, sistema que a
Fifa infelizmente aposentou.
Estamos em ano de competições
continentais (a Ásia é a bola da
vez), e a Eurocopa responde por
só 11% das cem disputas de pênaltis entre seleções na história.
A Copa da África, contando
suas suicidas fases eliminatórias,
já registrou 37 disputas de penalidades. Na hora de um Mundial
ou de uma Olimpíada, essa experiência pode pesar.
O Brasil, único campeão mundial nos pênaltis, acertou suas últimas 14 cobranças. Se já era difícil batê-lo no tempo normal...
Países dos pênaltis
Eis a lista dos países que mais participaram de disputas de pênaltis
importantes e seus respectivos aproveitamentos de vitória: Brasil
(dez disputas; 70%), Argentina (sete; 71,4%), Camarões (sete disputas; 57,1%), México (sete; 42,8%), Nigéria (sete; 57,1%), Alemanha
(seis; 66,6%), Espanha (seis; 33,3%), Uruguai (seis; 50%), Argélia
(cinco; 40%), Egito (cinco; 60%), EUA (cinco; 80%), França (cinco;
60%), Gana (cinco; 40%), Holanda (cinco; 20%), Inglaterra (cinco;
20%), Itália (cinco, 20%), Arábia Saudita (quatro; 100%), Colômbia
(quatro; 75%), Coréia do Sul (quatro; 75%), Costa do Marfim (quatro; 50%), Irã (quatro; 25%) e Tunísia (quatro; 50%). Senegal pode
ser apontado hoje como o pior país em pênaltis, com três derrotas registradas em três disputas de penalidades máximas -aproveitamento de 0%.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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