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Túmulo tem americano e trio elétrico
DA REPORTAGEM LOCAL
Exatamente dez anos depois do
acidente que matou Ayrton Senna, ontem, às 9h13, pouco mais de
30 pessoas se aglomeravam em
volta do túmulo do piloto, no Cemitério do Morumby, na zona sul
de São Paulo. Nem sombra das
cerca de 300 mil pessoas que participaram das atividades de seu
funeral, em 1994.
Entre os poucos, na maioria
brasileiros, que estavam ao lado
do túmulo estava o planejador de
investimentos norte-americano
Walter Golczewski, 39. Fanático
pela vida de Senna em um país
onde a F-1 não é muito popular,
Golczewski convenceu sua esposa
a vir para o Brasil só para visitar o
túmulo do ídolo. "Meus amigos
nem sabem quem foi Senna, mas
eu não pude me mexer o dia inteiro quando ele morreu. É difícil explicar para eles o que vim fazer
aqui no Brasil. Então apenas disse
que era algo pessoal", diz.
O vendedor de computadores
inglês Phil Reeves, por sua vez,
aproveitou uma viagem de negócios para prestar uma homenagem ao piloto. "Para mim, o
maior vazio que ele deixou foi o
coração dele, que era tão grande",
diz Reeves, 45. Apesar de ser da cidade de Nigel Mansell, Birmingham, e morar no mesmo bairro
do piloto inglês campeão mundial
em 1992, Reeves diz ter torcido
para Senna naquele ano.
Com o passar do dia, o movimento aumentou um pouco. Por
volta de meio-dia, eram cerca de
400 pessoas. Na entrada do cemitério já havia ambulantes vendendo quadros, camisetas e réplicas
do capacete do tricampeão.
Mas o que chamava mais a atenção, além das pessoas vestidas como o piloto e de grupos de violonistas, era uma manifestação da
Federação Nacional de Transporte Escolar. Mais de 200 peruas escolares foram estacionadas dentro e fora do cemitério, e de cima
de um trio elétrico, a presidente
da entidade, Lurdinha, 50, bradava contra o ex-piloto inglês e ex-companheiro de equipe de Senna
Damon Hill, que recentemente
disse que o acidente de Senna foi
causado por imperícia do piloto.
"O Hill é inimigo da pátria. Por
que ele ficou calado e só depois de
dez anos vem defender os patrões? Ele suja a memória do Brasil e do maior ídolo brasileiro que
existe", afirmou.
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