|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Campeão do mundo, não da América
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando o Corinthians venceu o Mundial de Clubes da
Fifa muitos colocaram em xeque
o valor dessa conquista porque o
time do Parque São Jorge nunca
obteve título continental. Se não
venceu a Libertadores, como poderia ser o campeão do planeta?
Os que usam esse argumento
para menosprezar a maior glória
corintiana talvez tenham que repensar a questão neste ano. Santos e São Paulo, os únicos brasileiros bicampeões mundiais, não estão tão longe de um tricampeonato que, pela configuração da Libertadores e pelas ""zebras" na
Europa, pode soar estranho.
O regulamento do principal interclubes do continente proíbe
que um time mexicano represente
a América do Sul no Mundial interclubes, que nesta temporada
deve acontecer no dia 12 de dezembro em Yokohama, no Japão.
Pois bem. O mexicano América
é um dos mais fortes candidatos
ao título. O Santos Laguna, seu
conterrâneo, corre por fora, mas
também não pode ser desmerecido (levou a melhor nos duelos diretos com o Cruzeiro, atual campeão brasileiro, na primeira fase).
Ambos estão no lado mais forte
da chave do mata-mata, mas não
seria loucura apontar até uma semifinal mexicana. Santos e São
Paulo, por sua vez, têm caminho
mais suave até a semifinal, quando podem se enfrentar. Esse hipotético confronto garantiria um time brasileiro na final da Libertadores e, como trato aqui, possivelmente no Mundial interclubes.
Agora imagine como seria para
santistas ou são-paulinos perder
a final da Libertadores para o
América e vencer depois o La Coruña no Mundial interclubes, nos
pênaltis, após empate sem gols
(creio que haveria festa, mas os
corintianos poderão dizer que o
campeão mundial não venceu a
competição continental e que não
houve brilho nessa conquista).
O Deportivo, sem grandes estrelas, segurou o Porto fora de casa
em um 0 a 0, placar que deu o tom
nas semifinais da Copa da Uefa,
aliás. Pode até ser que o time galego caia no jogo de volta, mas ele é
um bom exemplo de adversário
que difere bastante do Benfica de
1962, do Milan de 1963, do Barcelona de 1992 e do Milan de 1993.
O nobre interclubes europeu já
ficou marcado nesta temporada
pelas incríveis derrocadas dos supertimes de Real Madrid e Milan
(o Arsenal também tem seus galácticos, mas não foi eliminado de
forma estrondosa). O campeão
europeu deste ano, seja qual for,
não terá favoritismo claro contra
o representante da Conmebol na
tradicional partida no Japão, fato
bem raro nos últimos 15 anos.
Focando de novo a Libertadores, que vê nos próximos dias o
início das oitavas-de-final, há
uma figura tão estranha quanto
poderosa entre os postulantes ao
título. O São Caetano é o único
dos 16 que nunca foi campeão nacional. Pode ser campeão continental e mundial sem uma taça
do principal torneio de seu país.
A Europa já desvirtuou sua Copa dos Campeões há alguns anos.
Antes, só quem era campeão disputava. Agora é tão aberta que
quase o Bayer Leverkusen, ""virgem" em título alemão, ganhou.
Está cada vez mais fácil para os
clubes pular etapas no mundo.
Campeão da Inglaterra, não da Europa
O Arsenal segue como o mais tradicional time europeu a não ter ganho a Copa dos Campeões, mas o título inglês desta temporada deverá ter valor incalculável se a taça for conquistada de forma invicta (o
time empatou ontem). A Premier League divulga com pompa seus
números, vendendo-se como o campeonato nacional que reúne o
maior número de atletas estrangeiros de qualidade. São 315 ""gringos" (59% do total), sendo que 85 atuaram na Copa-2002 (15% dos
que jogaram o torneio). São 58 os países com representantes na liga.
Campeão da Europa, não de seu país
O Porto é o único semifinalista da Champions League que entrou nela como campeão nacional. Chelsea, La Coruña e Monaco podem ser
campeões europeus vendo a taça nacional de novo com outro.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
Texto Anterior: Túmulo tem americano e trio elétrico Próximo Texto: Atletismo: Maratona cria prêmio por produtividade Índice
|