São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS ALBERTO PARREIRA Com Juninho, Brasil fica equilibrado e solto
Soube pela internet das mudanças e experiências que Luiz Felipe Scolari tem feito no meio-campo do Brasil, colocando Juninho como titular e mantendo os três zagueiros. Me agrada muito esta mudança pois torna o time mais equilibrado e solto. A formação anterior com três zagueiros e dois cabeças-de-área fazia com que a seleção ficasse lenta, presa e sem imaginação. As jogadas não aconteciam naturalmente. E, ao contrário do que muita gente anda falando, a atual formação não torna a equipe menos defensiva. Explico: no 4-4-2, com dois zagueiros e dois cabeças-de-área, temos quatro homens de marcação (2 + 2). O mesmo acontece com os três zagueiros e mais um cabeça-de-área (3 + 1). Continuamos com quatro jogadores de marcação. Muda, entretanto, o posicionamento. Passaremos a ter um armador pela direita, outro pela esquerda - provavelmente Rivaldo (o Ricardinho e o Zé Roberto também teriam sido uma boa opção)-, com Ronaldinho mais solto, Ronaldo mais adiantado, e todos ajudando na marcação. Só pode dar certo e tem mais a cara do futebol brasileiro. Note-se como é importante o treinador ter algum tempo para trabalhar junto com os jogadores. Só assim, no dia a dia, ele sente os problemas e pode acertar o time. As mudanças anunciadas mostram que Scolari está atento e buscando o melhor. No meu enfoque, hoje de torcedor -já estive do outro lado e sei como é importante termos uma estratégia definida-, acho que temos que encarar essa Copa com uma perspectiva muito simples e realista. Será um Mundial de três jogos para nós. Calma, já explico. Os três primeiros jogos e o das oitavas-de-final vamos ganhar de qualquer jeito. Mesmo jogando mal. Não importa. Vale o medo e o respeito que os adversários sentem por nós. Vale ganhar com a tradição. Vale ganhar com o jeitinho brasileiro. Se ganhar jogando um bolão, melhor ainda. Para valer mesmo, temos que jogar bem só em três jogos: quartas, semi e final. Calma cara pálida. Antes de achar que isso é óbvio, pense que o mesmo não vale, por exemplo, para o grupo da Argentina e para outros países que terão que jogar mesmo sete partidas bem jogadas para chegar à final. Veja a situação da França. Com a derrota na estréia, os franceses terão que jogar para valer todos os jogos. Nós não. Estarei torcendo muito. Boa sorte Brasil! Carlos Alberto Parreira, 59, foi o técnico campeão da Copa de 1994, nos EUA, e atualmente dirige o Corinthians Texto Anterior: Soninha: França e Alemanha: estréias enganosas? Próximo Texto: José Geraldo Couto: Será que Scolari é um humorista enrustido? Índice |
|