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JOSÉ GERALDO COUTO
Será que Scolari é um humorista enrustido?
"Papai Scolari", que
todos consideram
um homem sisudo e
austero, está se revelando um
grande gozador.
Ao comentar a derrota francesa diante do Senegal, o treinador disse à TV Globo que, dada
a ausência de Zidane, a França
sentiu a falta de alguém que
trabalhasse a bola e armasse as
jogadas no meio de campo.
Só pode ser piada. Afinal, durante os últimos meses, não foram poucos os comentaristas e
torcedores que detectaram essa
mesma carência na seleção brasileira.
E sugeriram nomes, de acordo
com a preferência de cada um:
Ricardinho, Djalminha, Juninho Pernambucano, Zinho etc.
Está certo que essa reivindicação foi, de certo modo, abafada
pelo ruído ensurdecedor do
"lobby" pró-Romário. A falsa
polêmica em torno do atacante
eclipsou a questão central da
armação no meio-campo.
Agora, que estávamos todos
conformados com as escolhas de
Scolari -e já considerando um
lucro a escalação de Juninho no
lugar de um volante-, é o próprio técnico que vem nos lembrar de sua mancada básica.
Lances como esse demonstram que a psique de Scolari,
que é aparentemente tão rústica e linear, tem desvãos aos
quais não tem acesso nossa pobre percepção.
Se chegarmos longe nessa Copa, o treinador se consagrará
como gênio incompreendido. Se
ficarmos no meio do caminho,
poderá tentar a sorte na TV ou
no rádio como humorista.
E-mail:
jgcouto@uol.com.br
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