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Mais rico, SP conta com um terço dos atletas olímpicos
Com um quinto da população do país, Estado tem 32,9% da delegação dos Jogos, percentual quase igual ao do seu PIB
Times que pagam salários, número de equipamentos esportivos e vários torneios são explicações de atletas para predomínio do Estado
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dono de cerca de um terço da
economia nacional, São Paulo é
a origem de igual número de
atletas olímpicos brasileiros
em Pequim. Ou seja, supera
com larga margem sua participação na população, que é de
cerca de um quinto.
São 91 atletas paulistas entre
os 277 do Brasil nos Jogos, segundo a lista do COB (Comitê
Olímpico Brasileiro). Ou seja,
eles representam 32,9% da
equipe. Segundo pesquisa do
IBGE, de 2002 a 2005, o PIB do
Estado é 33,9% do total.
No atletismo, o peso paulista
aumenta. São 21 dos 45 competidores -total de 46,7%.
Com mais dinheiro, o Estado
tem melhores equipamentos
esportivos públicos e privados
e equipes para bancar salários.
"Comecei com 15 anos na
pista do Bolão [Jundiaí]. Eles
têm equipe de atletismo e vão
pegando atletas em escolas. A
equipe é bancada pela Prefeitura de Jundiaí", contou a corredora Zenaide Vieira, que nasceu na cidade do interior e disputará os 3.000 m com obstáculos. Hoje, ele recebe salário
da equipe da BM&F.
Boa parte dos atletas brasileiros integra este grupo. Há
outras equipes menores espalhadas pelo Estado, algumas
bancadas pelos municípios. Recentemente, surgiu a Nova Rede, em Bragança Paulista, que
até tomou atletas da BM&F.
Ainda há pistas de universidades e clubes de boa qualidade
pelo Estado, além de profusão
de torneios regionais. "Disputava competições regionais e,
conforme melhorava o resultado, ia classificando para torneios mais fortes", disse Maurren Maggi, candidata a medalha no salto em distância e nascida em São Carlos. "Mas treinar firme mesmo, comecei no
Ibirapuera [no CT da seleção]."
Na recém-criada lei de incentivo ao esporte, por exemplo,
entidades de São Paulo concentram 41% dos projetos aprovados. Em segundo, vem o Rio de
Janeiro, com 15,5%.
Terceiro mais populoso, o estado fluminense é a segunda
economia (11,5% do PIB) do
país e também tem a segunda
maior fatia na delegação. São
39 atletas, com 14,1% do total.
O Rio de Janeiro também é o
que recebeu maior investimento em infra-estrutura por conta
do Pan-2007. Tem piscinas e
pistas de atletismo de primeiro
nível, que, porém, são pouco
usadas no momento.
O Rio Grande do Sul vem em
terceiro na delegação, com 27
atletas. Quarto maior PIB do
país, tem uma série de universidades com projetos esportivos.
"Tive alguns títulos nacionais nas categorias de base e
depois me mudei para Santa
Cruz do Sul, onde passei a treinar na Unisc. Passei logo a ganhar salário para poder viver só
do atletismo", contou Fabiano
Peçanha, corredor de 800 m.
Há ainda o Distrito Federal, o
sexto com mais atletas, 12. Seu
PIB é o oitavo maior do Brasil
-a população é a 20º maior. Ou
seja, o exemplo de São Paulo,
em proporções menores, vale
em outros Estados ricos.
"Em outros Estados, vejo
material humano, atletas de
potencial, mas não há estrutura
para explorar", avaliou o decatleta paulista de Guarulhos
Carlos Eduardo Chinin, que diz
que não seria atleta se nascesse
em outro lugar.
(GIULLIANA BIAN
CONI E RODRIGO MATTOS)
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