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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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Sem verba para completar a infra-estrutura, República Dominicana apela a empréstimos, cancela provas e empurra custos de instalações e equipamentos para os países participantes

Santo Domingo passa chapéu para fazer Pan

EDUARDO OHATA
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cada dia que passa aumentam os problemas. E o dinheiro, pelo jeito, só diminui. Para organizar os Jogos Pan-Americanos, a República Dominicana tem pedido socorro, seja para os países participantes da competição, entre 1º e 17 de agosto, seja para as federações internacionais que comandam algumas modalidades.
No início do ano, o governo dominicano havia se comprometido com a Organização Desportiva Pan-Americana a estabelecer uma linha de crédito de US$ 300 milhões para realizar as obras para os Jogos em Santo Domingo, que estavam todas atrasadas.
Mas, depois de muita reclamação da oposição, o governo de Hipólito Mejía voltou atrás e cortou o pacote para US$ 74 milhões.
José Joaquín Puello, que comandava o comitê organizador do Pan, reclamou. Disse que não seria suficiente para todas as obras e pediu empréstimos. A Venezuela ficou de ceder US$ 33 milhões, os EUA, US$ 46,5 milhões.
Devido à greve geral e à crise política pelas quais passaram os venezuelanos há alguns meses, o dinheiro prometido aos dominicanos não saiu. O mesmo ocorreu com o dos EUA. O Usoc, comitê olímpico local, atolado em denúncias de corrupção e investigado pelo Congresso, caiu fora e deixou Santo Domingo na mão.
Com isso, as três empresas responsáveis pelas obras para o Pan -Frank Pimentel & Associados, Civilcad e Alfa 2000- começaram a dizer que não conseguiriam aprontar tudo até o início das competições. O próprio estádio olímpico, avisaram, só ficará inteiramente pronto após o Pan.
No mês passado, algumas provas começaram a ser canceladas. A natação, por exemplo, tirou do programa os 50 m borboleta, costas e peito tanto masculino quanto feminino, os 800 m livre masculino e os 1.500 m livre feminino. A esgrima deve perder as provas por equipe. Remo e canoagem também correm risco, assim como o hipismo, que só será confirmado, se for, após avaliação da Odepa no próximo dia 30.
Para não ter mais eventos cancelados, o comitê organizador está mendigando com algumas federações internacionais, como a de atletismo, que ficou de dar uma contribuição -o valor não foi divulgado- para a conclusão das obras do estádio olímpico.

Ar-condicionado
Os comitês de cada um dos 42 países que fazem parte da Odepa também terão que colocar as mãos no bolso -e mais do que esperavam. É o caso, por exemplo, dos brasileiros. Se quiserem contar com ar-condicionado nos quartos -a sensação térmica em Santo Domingo é de 40C-, o Comitê Olímpico Brasileiro precisará arcar com os custos de compra e instalação dos aparelhos.
Até os colchões para os atletas foram, de acordo com um relatório do Usoc, os mais baratos possíveis. Norte-americanos e argentinos ficaram de comprar colchões para seus atletas de melhor qualidade, substituindo os que seriam cedidos ou que puderam ser comprados pela organização.
Realizados a cada quatro anos desde 1951, não é a primeira vez que os Jogos Pan-Americanos, que reúnem países das Américas do Sul, Central e do Norte, além de nações do Caribe, enfrentam problemas financeiros.
A situação mais grave aconteceu em 1959, quando deveriam acontecer em Cleveland, nos EUA. A prefeitura municipal, no entanto, desistiu de organizá-los, alegando falta de dinheiro. A competição acabou acontecendo, então, em outra cidade norte-americana, Chicago.
Até hoje apenas uma vez os Jogos foram no Brasil, em 1963, em São Paulo, que registrou o menor número de atletas (1.665). A capital paulista deveria receber o Pan mais uma vez em 1975, mas alegou um surto de meningite para abdicar de sua organização.
Em 2007, será a vez do Rio.



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