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Sem verba para completar a infra-estrutura, República Dominicana apela a empréstimos, cancela provas e empurra custos de instalações e equipamentos para os países participantes
Santo Domingo passa chapéu para fazer Pan
EDUARDO OHATA
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cada dia que passa aumentam
os problemas. E o dinheiro, pelo
jeito, só diminui. Para organizar
os Jogos Pan-Americanos, a República Dominicana tem pedido
socorro, seja para os países participantes da competição, entre 1º e
17 de agosto, seja para as federações internacionais que comandam algumas modalidades.
No início do ano, o governo dominicano havia se comprometido
com a Organização Desportiva
Pan-Americana a estabelecer
uma linha de crédito de US$ 300
milhões para realizar as obras para os Jogos em Santo Domingo,
que estavam todas atrasadas.
Mas, depois de muita reclamação da oposição, o governo de Hipólito Mejía voltou atrás e cortou
o pacote para US$ 74 milhões.
José Joaquín Puello, que comandava o comitê organizador
do Pan, reclamou. Disse que não
seria suficiente para todas as
obras e pediu empréstimos. A Venezuela ficou de ceder US$ 33 milhões, os EUA, US$ 46,5 milhões.
Devido à greve geral e à crise política pelas quais passaram os venezuelanos há alguns meses, o dinheiro prometido aos dominicanos não saiu. O mesmo ocorreu
com o dos EUA. O Usoc, comitê
olímpico local, atolado em denúncias de corrupção e investigado pelo Congresso, caiu fora e deixou Santo Domingo na mão.
Com isso, as três empresas responsáveis pelas obras para o Pan
-Frank Pimentel & Associados,
Civilcad e Alfa 2000- começaram a dizer que não conseguiriam
aprontar tudo até o início das
competições. O próprio estádio
olímpico, avisaram, só ficará inteiramente pronto após o Pan.
No mês passado, algumas provas começaram a ser canceladas.
A natação, por exemplo, tirou do
programa os 50 m borboleta, costas e peito tanto masculino quanto feminino, os 800 m livre masculino e os 1.500 m livre feminino.
A esgrima deve perder as provas
por equipe. Remo e canoagem
também correm risco, assim como o hipismo, que só será confirmado, se for, após avaliação da
Odepa no próximo dia 30.
Para não ter mais eventos cancelados, o comitê organizador está mendigando com algumas federações internacionais, como a
de atletismo, que ficou de dar
uma contribuição -o valor não
foi divulgado- para a conclusão
das obras do estádio olímpico.
Ar-condicionado
Os comitês de cada um dos 42
países que fazem parte da Odepa
também terão que colocar as
mãos no bolso -e mais do que
esperavam. É o caso, por exemplo, dos brasileiros. Se quiserem
contar com ar-condicionado nos
quartos -a sensação térmica em
Santo Domingo é de 40C-, o
Comitê Olímpico Brasileiro precisará arcar com os custos de compra e instalação dos aparelhos.
Até os colchões para os atletas
foram, de acordo com um relatório do Usoc, os mais baratos possíveis. Norte-americanos e argentinos ficaram de comprar colchões para seus atletas de melhor
qualidade, substituindo os que seriam cedidos ou que puderam ser
comprados pela organização.
Realizados a cada quatro anos
desde 1951, não é a primeira vez
que os Jogos Pan-Americanos,
que reúnem países das Américas
do Sul, Central e do Norte, além
de nações do Caribe, enfrentam
problemas financeiros.
A situação mais grave aconteceu em 1959, quando deveriam
acontecer em Cleveland, nos
EUA. A prefeitura municipal, no
entanto, desistiu de organizá-los,
alegando falta de dinheiro. A
competição acabou acontecendo,
então, em outra cidade norte-americana, Chicago.
Até hoje apenas uma vez os Jogos foram no Brasil, em 1963, em
São Paulo, que registrou o menor
número de atletas (1.665). A capital paulista deveria receber o Pan
mais uma vez em 1975, mas alegou um surto de meningite para
abdicar de sua organização.
Em 2007, será a vez do Rio.
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