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GUERRA FRIA
CHINA >> RAUL JUSTE LORES
O umbigo do mundo
UMA DAS MAIS procuradas seções das livrarias chinesas é a dos
"manuais para se conseguir
uma vaga nas universidades
americanas". Dezenas de pais
folheiam os livros que prometem dicas para seus filhos entrarem em Harvard ou Yale.
O crescimento econômico
superlativo da China na última
década, que fermentou o nacionalismo, ainda não evita que os
locais acreditem que um pé e
um visto nos EUA sejam garantias de segurança no futuro.
Na China, os EUA significam
prosperidade - algo que resiste
ao antiamericanismo fomentado pelo regime. Se você ignorar
os caracteres chineses e um punhado de construções históricas, até a Pequim de hoje passa
facilmente por uma cidade
americana. Shoppings e condomínios são chamados de Palm
Springs, Central Park, Moma e
World Trade Center.
Casais marcam o primeiro
encontro em lanchonetes KFC
e Outback, que têm status
maior aqui do que nos EUA.
As duas potências têm mais
pontos em comum do que desconfiam. Têm grandes populações monoglotas, com devota
fixação em seu umbigo, e pouquíssimo interesse no que se
passa além de suas fronteiras.
Ambos os povos acreditam
que foram escolhidos para estar no centro do universo.
O nome da China, "país do
centro" (Zhongguo, em chinês), não deixa dúvidas quanto
à posição da nação no mundo.
Os últimos séculos, de isolamento e decadência, são apenas um lapso - e o Ocidente é
culpado por isso. Em abril, milhões de chineses protestaram
na internet contra a CNN e a
mídia ocidental por "distorcerem" a imagem do país.
Para 5% dos chineses, seu
país é a maior potência mundial, ou 53% deles acreditam
que o país vai superar os EUA
em breve, segundo pesquisa do
instituto Pew.
Mas, enquanto esse dia não
chega, melhor não arriscar.
70% dos estudantes que migram para os EUA não voltam.
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