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O AZARADO
Camilo trocou tatame por hospital
DA REPORTAGEM LOCAL
A tática havia surtido efeito em
todas as lutas: cansar o rival até o
último minuto e então dar o ultimato. A 1min35s do término do
combate que valia o ouro na categoria dos leves, Tiago Camilo
partiu para o ataque. Mas dessa
vez não teve a mesma sorte.
O italiano Giuseppe Maddaloni aplicou-lhe um contragolpe,
deixou-o estatelado no tatame e
ficou com o ouro em Sydney-2000. Mesmo assim, o resultado
foi muito festejado. Aos 18 anos,
Camilo se tornava o mais jovem
atleta brasileiro a chegar ao pódio olímpico no judô.
Eufóricos com o feito, técnicos
e entusiastas começaram a projetar uma caminhada repleta de
triunfos para o atleta. Só que os
desdobramentos de uma lesão
no joelho tornaram esse caminho muito mais tortuoso.
Dois meses após os Jogos, em
outubro de 2000, Camilo percebeu que as dores na região estavam aumentando. Procurou um
médico e recebeu o diagnóstico:
síndrome de impacto, popularmente chamada de bursite.
Para voltar a competir, precisaria passar por uma cirurgia e ficar no estaleiro por três meses.
"Mas eu não contava com tantas
complicações", lembrou.
Seu joelho infeccionou e os três
meses de espera se transformaram em oito. Ao final do novo
prazo, quando achava que estaria livre para treinar, outra infecção o acometeu. Voltou e ficou
mais uma semana internado.
Nesse período, acabou perdendo
o Mundial sub-20, no final de
2000, e o Mundial adulto, em
Munique, um ano depois.
Após quase dez meses sem ver
um tatame, Camilo voltou à Associação Desportiva São Caetano para retomar sua carreira.
Só que a ansiedade acabou
atrapalhando seus planos. "Voltei a treinar para competir em
uma categoria de peso acima da
minha [como meio-médio, até 81
kg]. Acabei sofrendo contusões
no ombro e no pulso."
Todas essas dificuldades fizeram com que o atleta perdesse a
vaga para o Pan-Americano.
Camilo, 21, mora em São Caetano, no ABC paulista, com a
mãe e o irmão, também judoca.
Em uma caixa especial, colocou a
medalha que ganhou em
Sydney. Quando a vê, esquece
todo esse período nebuloso e
lembra sua alegria no pódio australiano. "Sou novo, mas já passei por períodos piores que esse.
Tenho certeza: estarei bem para
competir em Atenas."
(GR)
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