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O ESTOURADO
Corpo de Quirino não aguentou baque
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele titubeou um pouco no momento em que recebeu o bastão e
perdeu preciosos décimos de segundo antes de fechar o revezamento 4 x 100 m rasos do Brasil.
Acabou partindo em terceiro,
mas se recuperou do vacilo com
uma performance brilhante. Nos
metros finais da prova, Claudinei Quirino da Silva despachou o
rival cubano e assegurou a prata
para o selecionado nacional.
Emocionado, o velocista, que
viveu até os 15 anos em um orfanato e, antes do atletismo, chegou a trabalhar como pedreiro e
catador de lata, dedicou a medalha aos "sofredores e humildes".
Naquele momento, Quirino
também respirava aliviado. Chegara à Olimpíada como uma das
principais esperanças do país,
mas não conseguira obter uma
medalha nos 200 m rasos -era o
atual vice-campeão mundial e o
campeão pan-americano.
Celebrado como herói pela
conquista, acreditava que a medalha poderia render um impulso na carreira. Até os Jogos, treinava em pistas precárias e tinha
dificuldades financeiras para
disputar as principais competições internacionais.
Tentou buscar novos patrocinadores, mas os problemas físicos atravancaram seus planos.
No início do ano passado, Quirino sofreu uma cirurgia no púbis e ficou fora das pistas por três
meses. Depois, lesões seguidas
no tendão-de-aquiles comprometeram seus treinamentos por
mais sete meses.
"Meu corpo não é uma máquina. Preciso de descanso", declarou na época das contusões.
"Se para os outros medalhistas
a situação foi complicada para
arrumar patrocínios, imagine
para o Claudinei", contou Jayme
Netto Jr., técnico do atleta e dos
principais velocistas do país.
Em 2003, Quirino tenta aos 32
anos sair do período de trevas
dedicando-se a eventos diferenciados. Agora, o atleta natural de
Lençóis Paulistas, interior de São
Paulo, quer se concentrar em
eventos que não disputou em
Sydney, como os 400 m rasos.
No primeiro teste da temporada, o GP Brasil, contudo, ele não
foi bem. Terminou a prova apenas na quinta posição. Pré-classificado para o Pan, ele ainda
precisa confirmar sua vaga até o
Troféu Brasil, que será realizado
entre os dias 12 e 15 deste mês.
No condomínio onde vive em
Presidente Prudente (565 km
Oeste de São Paulo), Quirino
guarda sua medalha de Sydney.
Como os outros, tem um pensamento fixo: quer ganhar outra
no próximo ano.
(GR)
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