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POR QUÊ?
Era mais seguro e barato reagir pelo esporte
DA REPORTAGEM LOCAL
O boicote liderado pelos
EUA aos Jogos de Moscou
não foi um sucesso absoluto
por uma razão fundamental:
o presidente Jimmy Carter e
seus assessores do Departamento de Estado não sabiam
como funcionavam as instituições e as federações esportivas internacionais.
Essa é a opinião de Derick
Hulme, professor de ciência
política do Alma College,
nos EUA, e autor do livro
""Political Olympics: Moscow, Afghanistan and the
1980 U.S. Boycott" (""Olimpíadas políticas: Moscou,
Afeganistão e o boicote dos
EUA em 1980"). Segundo
Hulme, Carter se sentiu traído pelos soviéticos após a invasão. Ele havia ficado ao lado de pessoas no governo
que pensavam que a URSS já
não era mais uma ameaça.
"Ele tentou então encontrar uma maneira de baixo
risco e baixo custo para responder àquela situação. Não
havia nenhuma alternativa
viável em termos de resposta
militar. Os EUA não estavam preparados para defender o Afeganistão contra 100
mil soldados soviéticos", diz.
O governo americano logo
percebeu que a URSS tinha
investido grande quantidade
de dinheiro e prestígio político para conseguir os Jogos
-era uma forma de validar
a posição de superpotência
equivalente aos EUA.
"Carter entendia que um
boicote, se bem-feito, prejudicaria os soviéticos. Era
uma opção política atraente", afirma o professor. Mas
os americanos esbarraram
numa série de problemas, o
pior deles na Europa Ocidental, onde os comitês não
estavam sob controle direto
dos governos. "Os EUA dependiam dos países com regimes autoritários."
Mas a tentativa de ampliar
o protesto esbarrou na inabilidade do Departamento
de Estado, que não tinha especialistas em esporte. "Carter tentou convencer a África do Sul sem saber que o
país havia sido expulso do
COI décadas antes."
(MS)
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