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AUTOMOBILISMO
Sobrinho de Ayrton, que promove no Japão uma exposição sobre o tio, procura estreitar laços com a F-1
Bruno devolve sobrenome Senna às pistas
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA
Dez anos depois, no lugar onde
o tricampeão é mais idolatrado-
talvez mais do que no Brasil- , o
sobrenome Senna volta a Suzuka
com o menino que tinha aulas de
kart e se inspirava no tio famoso.
Bruno, 20, está no Japão para representar a família e promover
uma exposição sobre Ayrton.
Nesta madrugada, participaria
ainda de uma homenagem ao tio
antes do GP do Japão de F-1.
Recém-lançado no mundo do
automobilismo profissional, vai
aproveitar a viagem para estreitar
as suas relações com a categoria
que consagrou seu sobrenome.
Morando desde maio em uma
cidade perto de Brighton, no sul
da Inglaterra, Bruno resolveu investir na carreira. Começou a freqüentar uma academia especializada em pilotos e vem recebendo
orientações de pessoas como o
ex-piloto Gerhard Berger, um dos
melhores amigos de Ayrton.
"Sei que ainda preciso melhorar. Eu não sou um fenômeno",
afirmou à Folha, por telefone, antes de embarcar para a Ásia.
O primeiro contato real de Bruno com as pistas foi aos cinco
anos, quando ganhou um kart de
presente do avô, Milton. Na época, andava com o "brinquedo" na
fazenda da família, em Tatuí, onde o tio tinha um kartódromo.
Começava assim uma grande
paixão, que era cada vez mais acalentada com a proximidade que
cercava o mundo do menino com
o mundo de sonhos da F-1.
"Eu era muito pequeno, não me
lembro direito. A única vez que eu
fui a um circuito com o Beco [apelido que Ayrton tinha na família]
foi em Interlagos, em 1992 ou
1993", disse. "Foi muito legal,
lembro que sentei no carro dele."
Um acidente, porém, fez com
que a paixão fosse abandonada de
repente. Em 1º de maio de 1994, o
tio de Bruno morreu após bater
seu Williams em Monza. "Num
primeiro momento, fiquei balançado e acabei deixando de lado."
E deixou mesmo. Foram oito
anos longe das pistas. "Freqüentava a escola, fazia coisas normais." Mas, ao completar 18 anos,
Bruno ganhou um carro de presente. "Não teve jeito. Eu já gostava de dirigir e comecei a ter mais
contato com tudo aquilo", disse.
O adolescente trancou então a
faculdade de administração na
Faap e foi para a Inglaterra. "Minha mãe [Viviane] falou com o
Berger, e ele conseguiu uma vaga
para mim na Carlin, da F-BMW."
Na versão inglesa da categoria,
disputou seis provas. Sua melhor
colocação foi um sexto lugar
-largou em segundo duas vezes.
"Acho que foi bom para aprender. Fiz muita bobagem, mas andei o tempo todo lá na frente",
afirmou o piloto, que usa um capacete com um desenho parecido
com o do tio, mas em azul, prata e
vermelho. "Eu era agressivo demais, destruía os pneus. Mudei
meu estilo e estou mais rápido."
Seu ídolo no esporte? "Sou suspeito para falar. O Beco era profissional, tinha talento e trabalhou
muito. Admiro também o Schumacher. Mas, se meu tio estivesse
vivo, a F-1 não estaria assim."
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