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CADÊ A BOLA?
A FRONTEIRA
Longas viagens são o problema
DA REPORTAGEM LOCAL
Suando por todos os poros,
João Carlos Lopes Soares deixou
rapidamente o ônibus e foi direto
para o gramado. Acabara de cumprir, sob um sol intenso, os 604
km entre as cidades de Uruguaiana e Pelotas, onde enfrentaria o time local por uma vaga na primeira divisão do futebol gaúcho.
Um empate bastava para que
seu time, o Ferro Carril, garantisse
vaga na elite do Estado. "Mas a
viagem acabou com a gente. Seguramos até os 43min do segundo tempo. Depois, mortos, não
aguentamos o ritmo e acabamos
levando o gol", lembra.
O caso de Soares ocorreu numa
tarde de 1974, mas ainda serve de
exemplo das dificuldades que as
cidades fronteiriças enfrentam
para manter um time de futebol.
Com exceção do Mato Grosso
do Sul, todos os outros Estados
brasileiros que fazem fronteira
com diferentes países raramente
conseguem congregar em seus
campeonatos oficiais as cidades
afastadas dos grandes centros.
O caso de Uruguaiana, no extremo sul do Brasil, é emblemático.
O município, que faz fronteira
com a Argentina, já chegou a contar com três equipes em diferentes divisões do futebol gaúcho
-além do Ferro Carril, disputavam torneios da federação o Saviana e o EC Uruguaiana.
Atualmente, contudo, a cidade
não tem representação em nenhum torneio profissional.
"E o pior é que temos uma molecada boa de bola. É uma pena
não podermos bancar as viagens.
Vejo muitos talentos crescerem
por aqui. Certamente teríamos
um time competitivo", conta Soares, hoje com 61 anos, que atuou
ao lado de Luiz Felipe Scolari no
Aymoré.
(PC E GR)
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