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VÔLEI
Levantadora volta a jogar pelo BCN para ganhar 10º título, um ano após despedida com o Vasco, mas descarta seleção
"Não podia parar derrotada", diz Fernanda
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela estava com "as mãos coçando" para jogar. Na semana passada, Fernanda Porto Venturini, 31,
selou sua volta às quadras um ano
após a melancólica despedida
com a derrota de seu Vasco para o
Flamengo na final da Superliga.
Nesse período, muita coisa mudou em sua vida pessoal. Casada
com o técnico da seleção masculina, Bernardinho, viu o nascimento da primeira filha do casal, Júlia.
Com a maternidade, veio o difícil
exercício da paciência.
Mas seu lugar no vôlei continuou intocado. "Mesmo que voltasse após dez anos, ainda seria a
melhor levantadora do mundo",
derrete-se o campeão olímpico
José Roberto Guimarães, que irá
comandá-la no BCN/Osasco.
Fernanda já está em forma (63,5
kg, dois a menos que em 2001) para tentar conquistar seu décimo
título nacional e o primeiro do
BCN. Nem que precise de todos
seus "duendes, bruxas e anjos".
Enquanto amamentava Júlia,
Fernanda falou à Folha, por telefone, de sua casa no Rio, sobre a
nova vida. Com um contrato especial, que dá direito a privilégios
que poucas atletas conquistaram,
ela só jogará a partir de setembro.
Folha - Quando você encerrou a
carreira disse que deixava o vôlei
sem saudade. A saudade bateu?
Fernanda Venturini - Fiquei bastante tempo parada, pude pensar
em outras coisas, me dedicar só à
família. Mas sempre fui agitada, e
uma hora a mão começou a coçar.
Vendo as finais da Superliga, me
deu vontade de voltar, coisa que
até então eu não tinha. Arranjei
uma motivação, ganhar meu décimo título. Não poderia encerrar
minha carreira com uma derrota.
Folha - Como foi se despedir com
derrota e salários atrasados?
Fernanda - Depois de uma carreira tão vitoriosa, foi frustrante.
Se eu pudesse voltar, nunca teria
ido para o Vasco. É lamentável
existir gente como Eurico Miranda, que faz essas coisas.
Folha - O Vasco já acertou sua situação? Ainda te deve salários?
Fernanda - Tive uma audiência,
mas nada foi resolvido. Quando
minha filha tiver uns 20 anos,
acho que será. Aí ela fará uma boa
faculdade, vai morar nos EUA...
Folha - Como surgiu a idéia de ir
para o BCN/Osasco?
Fernanda - De uma conversa
com a Virna em que eu disse que
precisávamos jogar juntas. Aí ela
foi cornetar no BCN, o Zé Roberto
mandou seu irmão me ligar para
saber se era verdade. Deu certo.
Folha - Como você fará para cuidar da Júlia?
Fernanda - Já renovei com a enfermeira por mais um ano. Pelo
meu contrato, ela e a Júlia podem
viajar comigo. Minha mãe mora
em Ribeirão Preto [interior de SP"
e também ficará mais perto agora.
Folha - Nesse um ano, qual sua
avaliação do vôlei nacional?
Fernanda - Não houve evolução
técnica. As jogadoras estão no
mesmo nível de dois anos trás.
Folha - Você voltaria à seleção?
Fernanda - Se não voltei quando
meu marido, que é o melhor, era
técnico, não vai ser agora. Se me
vir na seleção, pode me internar.
Folha - Você sempre foi conhecida pela competitividade. Continua
não gostando de perder nada?
Fernanda - Nem par-ou-ímpar,
nem xadrez para o Bernardo. Você tem que ter tesão para ganhar.
Uma das coisas que me motiva é
buscar o título. Será o décimo, um
número redondo, que eu gosto.
Folha - Nem a maternidade mudou essa característica?
Fernanda - Fiquei mais paciente.
Você tem que se doar o tempo todo. É muito legal, mas é cansativo.
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