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Comitê infla seu quinhão e diz que estrutura é fundamental
DA REPORTAGEM LOCAL
Os atletas precisam receber dinheiro, mas não aparecem no topo da lista de prioridades.
Para o Comitê Olímpico Brasileiro, responsável pela distribuição das verbas da Lei Piva, a aplicação dos recursos federais é condizente com a atual realidade das
confederações. Segundo o COB, o
dinheiro não é suficiente.
"O COB acha importante o atleta ter tranqüilidade para se dedicar aos treinos e competições,
mas também considera fundamental que ele disponha de condições de treinar e competir",
afirmou Carlos Arthur Nuzman.
"Gostaríamos que a lei fosse suficiente para resolver todos os
problemas, mas a realidade não é
essa", completou o dirigente.
A entidade que reclama mais recursos para as confederações viu,
no ano passado, crescer a fatia da
verba que vai para seus cofres.
Além dos R$ 27 milhões que utilizou oriundos das loterias em
2003 -corresponde a 48% do total-, o COB conseguiu outros R$
15 milhões, reservados para o esporte escolar (5%) e universitário
(10%). O recurso ainda não saiu
de uma caderneta de poupança.
Com a verba, Nuzman quer
criar uma organização para formar competidores de alto rendimento, batizada de Instituto
Olímpico. Não há previsão de
quando o projeto deixará o papel.
Enquanto não vê espaço para
encampar a idéia, o COB, assim
como as confederações, cresce
seus gastos com manutenção.
No ano passado, a entidade desembolsou pouco mais de R$ 10
milhões com gastos administrativos -aumento de 63%.
O valor só não é maior do que o
despendido com participação em
eventos esportivos -aproximadamente R$ 14 milhões.
"Esse percentual tende a aumentar a cada ano, e isso é natural. A Lei Piva exigiu que o COB
ampliasse sua estrutura técnica e
administrativa", disse Nuzman.
Além de aumentar o investimento burocrático, a entidade
também centrou suas ações em
projetos de fomento -preparação de candidaturas para receber
eventos esportivos, por exemplo- e formação de recursos humanos, como congressos, seminários, cursos técnicos etc.
O primeiro item teve um salto
de 125%: de R$ 950 mil para R$ 2,1
milhões, aproximadamente.
Com recursos humanos, foram
gastos R$ 930 mil, 69% a mais do
que no período anterior.
O investimento para a participação de atletas em competições
internacionais teve um acréscimo
bem mais modesto -5,5%.
"As necessidades para gerir o
esporte olímpico brasileiro são
cada vez maiores, na mesma proporção do desenvolvimento do
esporte nacional. Além disso, estamos envolvidos em projetos
importantes, como a realização
do Pan-2007", disse Nuzman.
Mesmo ainda reclamando da
insuficiência dos recursos da Lei
Piva, "que corresponde a um terço das necessidades das confederações", o presidente do COB interveio na Confederação Brasileira de Tiro para que parte do repasse da verba da entidade em
2004 vá para mãos de um atleta
específico: Rodrigo Bastos.
Medalha de ouro no Pan de
Santo Domingo, o atirador já se
dedica integralmente aos treinos
para os Jogos Olímpicos.
Ele receberá por mês entre R$
3.000 e R$ 6.000 para montar um
estande de tiro em Guarapuava
[cerca de 200 km de Curitiba, onde treinava], e pagar suas despesas. O local será usado pela confederação como CT da modalidade.
Com o dinheiro, o dentista pôde
se afastar um pouco do consultório para pensar mais em Atenas.
"Sem essa verba, seria um caos.
Não conseguiria treinar direito.
Só espero que a ajuda aos atletas
não seja só até a Olimpíada, com
uma mentalidade imediatista",
declarou o atirador.
(GR E ML)
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