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Do softbol sai a musa que salva marqueteiros americanos
DO ENVIADO A ATENAS
Jennie é californiana, loira,
olhos azuis, 1,85 m, 79 kg. Freqüenta a igreja, conhece linguagem gestual, tem dois poodles e
um yorkshire e vai casar em outubro. No ano passado, foi eleita a
atleta mais sexy do mundo pelo
site da ESPN. Para completar, é
favoritíssima ao ouro olímpico.
O pacote parece perfeito e nem
o fato de ela jogar um esporte
pouco popular, o softbol, atrapalha os planos dos marqueteiros
americanos. Jennie Finch, 23, não
foi escolhida só como a musa dos
Jogos. Já é, também, a "salvadora
da pátria" da mídia dos EUA.
Nos últimos meses, os americanos correram desesperadamente
atrás de um ídolo. Nunca, afinal,
um evento recebeu tanta atenção
da mídia daquele país como Atenas -a NBC exibirá 1.210 horas
de Jogos, o equivalente a 50 dias.
O problema é que, de outubro
para cá, um escândalo de doping
manchou o principal esporte
olímpico americano, o atletismo.
O caso Balco (laboratório que
fabricava o esteróide THG) atingiu principalmente o "casal maravilha" Tim Montgomery e Marion Jones. Ele, recordista mundial dos 100 m, não conseguiu vaga para os Jogos. Ela, três ouros e
dois bronzes em Sydney-2000, só
competirá no salto em distância.
Para piorar, 14 astros da NBA
recusaram a convocação para o
"Dream Team", muitos deles com
medo de ataques terroristas.
Mais: às vésperas de Atenas, Michael Phelps, que tentará um recorde de oito ouros nas piscinas,
calou-se. Deu uma folga nas entrevistas. Fugiu da imprensa.
Daí, todo o desespero dos marqueteiros. Até aparecer Jennie.
"Ela não é apenas linda. É, também, a melhor no seu esporte",
disse Marcus DiNitto, editor do
site "Sports Business Daily" em
entrevista ao "USA Today".
Na última terça, o maior jornal
americano publicou reportagem
sobre a musa. Com foto dela na
primeira página, vestida de deusa.
A arremessadora, que já recusou propostas da "Playboy" por
se considerar "um exemplo para
as crianças", diz não se importar
com o rótulo de símbolo sexual.
"Às vezes é frustrante você ser
reconhecida por sua beleza e não
pelo seu trabalho. Mas toda a
atenção que eu conseguir atrair
para o meu esporte é bem-vinda",
declarou à Folha em Atenas. Algo
antes inimaginável num esporte
como o softbol -variação do beisebol e disputado só por mulheres
em Olimpíadas desde 1996.
Jennie consegue lançar a bola a
114 km/h, o que fez dela titular absoluta. Há 18 anos, as americanas
são as melhores do mundo, com
ouro nas duas Olimpíadas em que
o esporte foi disputado. Ontem,
começaram a buscar mais um título. Na estréia, venceram a Itália.
O ouro é só o que falta para Jennie explodir de vez. Neste ano, ela
já lucrará US$ 400 mil em contratos com empresas como Mizuno
(material esportivo), Sprint (telefonia) e Bolle (óculos escuros).
Um alívio. Questionada sobre seu
hobby, ela é direta: "Fazer compras. Estou torrando o cartão de
crédito nas lojinhas daqui".
(FSX)
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