São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002 |
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CARLOS ALBERTO PARREIRA Eliminação não apaga história e tradição
Terminada a primeira fase, fala-se muito sobre as surpresas. Alguns dos favoritos ficariam de fora das oitavas. As previsões não se cumpriram. Erramos todos. Mas a eliminação das "ex-favoritas" não significa que elas acabaram para o futebol. Apenas perderam para equipes mais motivadas ou mais bem preparadas para esta Copa. O futebol não está nivelado por causa disso. Não é a primeira vez que acontecem zebras -devo admitir que foram muitas só na primeira fase-, nem será a última. A tristeza de franceses, argentinos, camaroneses, portugueses, poloneses e até de uruguaios é compreensível, mas vai passar. A derrota não apaga a tradição e a qualidade técnica dos jogadores desses países. Os placares refletem alguns erros de planejamento (cansaço, seleções envelhecidas etc), que, somados à motivação dos rivais menos expressivos, acabaram em eliminações precoces. Os franceses chegaram amparados pelas conquistas da Copa de 98, da Eurocopa e da Copa das Confederações. Mas só isso não bastou para avançar. Eles não se deram conta do envelhecimento da equipe. Além disso, estavam desfalcados de Pires -contundido, nem foi convocado- e de Zidane, que ficou fora das duas primeiras partidas. Quando a luz vermelha acendeu já era tarde. Já a Argentina sucumbiu pelo cansaço. Era visível que seus principais jogadores sentiam o peso das temporadas estafantes da Europa. Também a sorte jogou contra nossos vizinhos: caíram em um grupo dificílimo. Me recuso a aceitar a idéia de que o futebol está nivelado por causa do declínio das "potências" -apesar de ter havido evolução técnica nos países "emergentes". Como dizer que um país que tem Saviola, Riquelme, Aimar e D'Alessandro está fora do mapa da bola? Seria estúpido. As maiores forças do futebol vão continuar sendo fortes porque têm torneios regulares e organizados, porque têm tradição em formação de jogadores e, em muitos casos, dinheiro. História e tradição não acabam com uma eliminação. "Grandes" estão fora. O Japão se classificou em primeiro. E o Brasil mostra mais uma vez que tem sorte. Enfrentar os donos da casa não seria nada bom para a seleção. Os japoneses estão super motivados, nos dariam muito trabalho. Com tranquilidade e confiança, podemos passar pela Bélgica. Até com facilidade. Boa sorte Brasil! Carlos Alberto Parreira, 59, foi o técnico campeão da Copa de 1994, nos EUA, e atualmente dirige o Corinthians Texto Anterior: Soninha: De vida ou morte para morrer de sono Próximo Texto: José Geraldo Couto: Como anular Beckham e Owen, eis a questão Índice |
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