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PALMEIRAS
88 anos em 90 minutos
Clube mais vencedor do futebol do país precisa bater o Vitória, na Bahia, para escapar do vexaminoso rebaixamento para a Série B do Brasileiro de 2003
DA REPORTAGEM LOCAL
O nome é Palmeiras, mas pode
chamar de desespero. O clube
com maior currículo de títulos do
futebol nacional entra em campo
hoje à tarde, em Salvador, atormentado e atrás de algo que se
tornou corriqueiro em seus 88
anos de história: uma vitória.
Só os três pontos sobre o time
baiano que, ironicamente, carrega o triunfo em seu nome são capazes de livrar o Palmeiras do
maior vexame de sua existência
-o rebaixamento à segunda divisão do Campeonato Brasileiro-
sem que seja necessária uma
combinação de outros resultados.
Caso empate com o Vitória no
estádio Barradão, o time treinado
por Levir Culpi dependerá do que
acontecer nos jogos dos seus concorrentes na luta contra a degola.
Se perder, o Palmeiras estará rebaixado independentemente do
que aconteça nos outros jogos.
Quatro vezes campeão do Brasileiro, duas da Taça do Brasil, duas
do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, uma da Libertadores, uma
da Copa do Brasil, cinco do Rio-São Paulo e 21 do Paulista, líder do
ranking Folha há quatro anos seguidos, o time fundado em 1914
como Palestra Itália terá, aconteça
o que acontecer, chegado ao fim
de um de seus piores anos.
Em 2002, o Palmeiras não só
passou ao largo de conquistas como acumulou fiascos, a começar
pela eliminação da Copa do Brasil
pelo ASA de Arapiraca (AL). Mas
a queda trará na esteira uma extensa lista de marcas negativas.
Caindo em Salvador, o Palmeiras será o primeiro grande time
paulista rebaixado na história do
Brasileiro (hoje, outros três ex-campeões nacionais lutam contra
o rebaixamento: Bahia, Botafogo
e Inter). Três times tradicionais de
São Paulo já disputaram a Taça de
Prata, mas era o desempenho no
Paulista do ano anterior que servia de classificatório.
A queda custará ao clube um
longo isolamento da elite do futebol, já que o Brasileiro-2003 deve
bater o recorde de duração, com
mais de oito meses de disputa.
Além de manchar o glorioso
histórico do time, um eventual rebaixamento respingará em jogadores com currículos respeitáveis.
Os melhores exemplos são Zinho e Marcos. O meia, três vezes
campeão nacional, é o único jogador do país em atividade que já
disputou mais de 300 partidas pelo Brasileiro. O goleiro é o único
titular em todos os jogos da Copa-2002 que segue no país.
Na 23ª colocação do Brasileiro,
o Palmeiras paga pela desastrada
condução do time no torneio. Foram cinco técnicos em três meses:
Wanderley Luxemburgo, Paulo
César Gusmão, Murtosa, Karmino Colombini e Levir Culpi.
Um rodízio impensável nos endinheirados tempos do duo com
a Parmalat. A eventual queda será
o auge da derrocada iniciada com
a saída da empresa, em 2000.
Esse desmoronamento pode ter
reflexos nas eleições do clube, no
início de 2003. Há dez anos no poder, Mustafá Contursi terá a oposição de Luiz Gonzaga Belluzzo.
Contursi, assim como o presidente da CBF, Ricardo Teixeira,
diz rejeitar a virada de mesa. Mas,
enquanto espera o resultado dos
bastidores, a enorme torcida palmeirense reza.
Tão comum entre os fãs do clube num passado recente, a tensão
voltou com força total, só que sem
a opção do grito de campeão.
Uma das saídas encontradas pela torcida foi pedir proteção a
Nossa Senhora Aparecida, santa
estampada numa bandeira vista
nos últimos jogos do Palmeiras.
"Fé" e "esperança" têm sido temas recorrentes na boca de atletas
e torcedores. Mas alguns, como o
capitão Arce, preferem o pragmatismo. "Agora não adianta ter esperança. Tem é que jogar bola."
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