São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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Conta olímpica para 2004 deve ir a R$ 100 mi

DA REPORTAGEM LOCAL

Graças aos recursos da Lei Piva, nunca se gastou tanto na preparação da delegação brasileira para a disputa de uma Olimpíada.
Em 1996, nos Jogos de Atlanta, a conta olímpica -investimento nas modalidades olímpicas, exceto o futebol, nos 12 meses anteriores ao evento- foi de cerca de R$ 43 milhões, valor atualizado.
Quatro anos depois, em Sydney, houve aumento de 91%, e o valor chegou aos R$ 82,2 milhões.
Para Atenas, deve alcançar a cifra de R$ 100 milhões, de acordo com estimativa da Folha, a cerca de quatro meses do início dos Jogos, marcados para 13 de agosto.
A projeção foi feita com base em dados do COB, confederações, principais atletas de esportes individuais, Ministério do Esporte, clubes esportivos e empresas que patrocinam competidores ou equipes para Atenas-04.
Em 1996, 93% dos gastos foram bancados pelo governo.
Em 2000, a situação mudou, e governo e iniciativa privada racharam a conta. O principal motivo foi o Vasco, que enviou 83 atletas aos Jogos de Sydney, 19 dos quais voltaram com medalha.
O clube de Eurico Miranda, com recursos do então parceiro Bank of America, anunciou ter gasto mais com a operação Olimpíada do que o próprio COB.
Para 2004, a situação voltou a mudar, ficando mais semelhante ao que aconteceu em Atlanta. O governo, devido principalmente à Lei Piva, deve arcar com 83% dos R$ 100 milhões da conta olímpica -dinheiro investido no esporte, exceto o futebol, nos 12 meses anteriores aos Jogos.
Para equilibrar as contas entre governo e iniciativa privada, Gisela Turqueti, diretora de marketing da Samsung, sugere que os esportes sejam trabalhados de forma diferente. "As empresas estão interessadas em como promover suas marcas, então o desafio é fazer os esportes olímpicos ganharem mais visibilidade." Com isso, segundo a executiva, poderão vir os investimentos.
Mas Luiz Fernando Biagiotti, gerente de publicidade e marketing esportivo da Fiat, acha que só a visibilidade não basta. "Eles [COB e confederações] têm que nos procurar com um trabalho profissional. Propostas de patrocínio recebemos muitas, mas temos que saber o porquê de escolher a X e não a Y."
Como Biagiotti pensa Gleidys Salvanha, gerente de mídia da W/Brasil, outra agência que não foi procurada pelo COB ou pelas confederações esportivas. ""[As confederações] deveriam se organizar, contar com agências especializadas em transformar o atleta em oportunidade tangível e concreta às empresas prospectadas. É necessário medir o valor que esse patrocínio agrega à marca."
Para Gleidys, o grande responsável pelo setor privado pagar parte ínfima da conta olímpica ainda é a falta de profissionalismo dos esportes ditos amadores. ""A atitude amadora como o esporte olímpico é tratado quando o foco é business [é o principal problema]." (JCA E LF)


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