São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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ATLETISMO

Maria Mutola corre por bi olímpico nos 800 m

"Expresso de Maputo" busca novo feito inédito e sonha com recorde

ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela jogava bola com os meninos nas ruas de Maputo, em Moçambique, quando foi descoberta por José Craverinha. O que chamou a atenção do técnico de atletismo e poeta não foi a habilidade com a bola nos pés, mas o fôlego para correr, sem aparentar cansaço.
Apresentada à pista, a menina mostrou que era realmente um prodígio. Aos 15 anos, disputou a final olímpica dos 800 m de Seul-88. Chegou em sétimo lugar.
Por falta de condições econômicas, a aventura internacional iria acabar. Foi quando o Solidariedade Olímpica do COI a descobriu. Maria Mutola é hoje apontada como a maior descoberta do programa do Comitê Olímpico Internacional destinado a ajudar promessas de nações carentes.
Apelidada de "Expresso de Maputo" por causa da regularidade, Mutola não vê uma rival à sua frente nos 800 m, em um evento importante, desde o Mundial de Sevilha-99, quando perdeu para a tcheca Ludmila Formanová.
Além disso, ela é a única atleta do feminino que ganhou o ouro em Sydney-00 e no Mundial de Paris-03. No masculino, só o polonês Robert Korzeniowski (marcha de 50 km) e o lituano Virgilijus Alekna (lançamento de disco) mantiveram tal superioridade.
"Você aprende com as quedas", disse Mutola à Folha, que caiu no Meeting de Birmingham. "Foi a primeira vez que tropecei. Mas não era uma prova importante."
Duas semanas depois atingiu novo feito: em Budapeste, ganhou seu sexto título em um Mundial indoor, feito inédito na história.
Agora, ela corre atrás de nova façanha: se tornar a primeira atleta bicampeã olímpica dos 800 m.
"Quero defender o meu título, em Atenas, mas não há pressão alguma. Me sentia pressionada antes de ganhar o ouro pela primeira vez. Agora não", afirma Mutola.
Há quatro anos, em sua quarta Olimpíada, finalmente subiu ao degrau mais alto do pódio. Em Atlanta-96 ficou com o bronze.
"No momento, estou um pouco adiantada. Faço 1min57s e minha melhor adversária corre os 800 m em 1min59s. Mas ainda é muito cedo", analisa ela. "Gostaria de me manter bem até os Jogos Olímpicos, que são importantes."
Se levar o ouro olímpico, o passo seguinte será buscar o recorde mundial, sonho ainda distante.
"Não sei se vou competir nos Jogos de Pequim [em 2008]. Mas gostaria de bater o recorde. Tento isso há muitos anos", lamenta Mutola, referindo-se à marca da tcheca Jarmila Kratochvilova (1min53s28), obtida em 1983.


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