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ATLETISMO
Maria Mutola corre por bi olímpico nos 800 m
"Expresso de Maputo" busca novo feito inédito e sonha com recorde
ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela jogava bola com os meninos
nas ruas de Maputo, em Moçambique, quando foi descoberta por
José Craverinha. O que chamou a
atenção do técnico de atletismo e
poeta não foi a habilidade com a
bola nos pés, mas o fôlego para
correr, sem aparentar cansaço.
Apresentada à pista, a menina
mostrou que era realmente um
prodígio. Aos 15 anos, disputou a
final olímpica dos 800 m de Seul-88. Chegou em sétimo lugar.
Por falta de condições econômicas, a aventura internacional iria
acabar. Foi quando o Solidariedade Olímpica do COI a descobriu.
Maria Mutola é hoje apontada como a maior descoberta do programa do Comitê Olímpico Internacional destinado a ajudar promessas de nações carentes.
Apelidada de "Expresso de Maputo" por causa da regularidade,
Mutola não vê uma rival à sua
frente nos 800 m, em um evento
importante, desde o Mundial de
Sevilha-99, quando perdeu para a
tcheca Ludmila Formanová.
Além disso, ela é a única atleta
do feminino que ganhou o ouro
em Sydney-00 e no Mundial de
Paris-03. No masculino, só o polonês Robert Korzeniowski (marcha de 50 km) e o lituano Virgilijus Alekna (lançamento de disco)
mantiveram tal superioridade.
"Você aprende com as quedas",
disse Mutola à Folha, que caiu no
Meeting de Birmingham. "Foi a
primeira vez que tropecei. Mas
não era uma prova importante."
Duas semanas depois atingiu
novo feito: em Budapeste, ganhou
seu sexto título em um Mundial
indoor, feito inédito na história.
Agora, ela corre atrás de nova
façanha: se tornar a primeira atleta bicampeã olímpica dos 800 m.
"Quero defender o meu título,
em Atenas, mas não há pressão alguma. Me sentia pressionada antes de ganhar o ouro pela primeira
vez. Agora não", afirma Mutola.
Há quatro anos, em sua quarta
Olimpíada, finalmente subiu ao
degrau mais alto do pódio. Em
Atlanta-96 ficou com o bronze.
"No momento, estou um pouco
adiantada. Faço 1min57s e minha
melhor adversária corre os 800 m
em 1min59s. Mas ainda é muito
cedo", analisa ela. "Gostaria de
me manter bem até os Jogos
Olímpicos, que são importantes."
Se levar o ouro olímpico, o passo seguinte será buscar o recorde
mundial, sonho ainda distante.
"Não sei se vou competir nos Jogos de Pequim [em 2008]. Mas
gostaria de bater o recorde. Tento
isso há muitos anos", lamenta
Mutola, referindo-se à marca da
tcheca Jarmila Kratochvilova
(1min53s28), obtida em 1983.
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