São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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FUTEBOL

Ex-goleiro abandona firma de gerenciamento de atletas, abre nova empresa, mas grife permanece com o ex-sócio

Edinho deixa Pelé na mão de americano

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para tocar a sua própria empresa, Edinho deixou o direito de uso da grife de seu pai, Pelé, com uma multinacional da qual o ex-goleiro santista inicialmente fazia parte. "Fui ingênuo ao não condicionar o uso da marca Pelé à minha permanência na empresa", lamentou Edinho sobre a situação.
Em 2003, foi anunciada a criação da Global Pelé Brasil, empresa especializada no gerenciamento da carreira de jogadores. Tratava-se de uma parceria entre Edinho e o americano Shep Messing, companheiro de Pelé no período em que o brasileiro atuava no time do Cosmos, da liga dos EUA.
No início deste ano, Edinho abandonou a Global Brasil Pelé, da qual era acionista minoritário -detinha 10% das ações da empresa-, e fundou a Global Sports Brasil em parceria com o empresário paulista Ibraim Bittar Neto.
Ao comentar a razão da separação, o filho de Pelé foi lacônico.
"Foi por causa da diferença de pensamentos", resumiu o brasileiro. "Edinho saiu porque quis", justificou Roy, irmão de Shep.
Apesar de ambos os lados afirmarem inicialmente que o rompimento ocorreu de forma amigável, Roy, que conhece o filho de Pelé desde que Edinho era criança, reconhece não tê-lo mais visto desde que deixou a empresa.
O norte-americano, porém, afirma que o relacionamento com Pelé segue intocado. "Acabamos de negociar um comercial de Pelé para a Pepsi no exterior", diz.
Por contrato, após o rompimento a Global Pelé Brasil reteve os direitos exclusivos sobre a marca Pelé para utilização em empresa de gerenciamento da carreira de atletas. O grupo afirma que também pode usar a imagem e a voz do ex-jogador -tal informação é negada por Edinho.
Os contratos da Global Pelé Brasil fechados com jogadores brasileiros também seguiram com ela.
Edinho afirma desconhecer o funcionamento da ex-empresa.
"É, eles ficaram com a marca Pelé, que, aliás, foi garantida por conta de minha presença na firma e a custo irrisório por três anos. Mas é uma empresa pequena, não acredito que terá condições de tirar proveito do nome ou atuar no Brasil", prosseguiu Edinho, ao ser questionado sobre como via o fato de outra empresa, e não a sua, beneficiar-se da marca Pelé.
Porém a Global Pelé Brasil mantém um escritório no Rio e planeja abrir uma filial em São Paulo.
"Investimos US$ 1 milhão no Brasil em 2003 e neste ano planejamos injetar o mesmo montante. Hoje temos cerca de 40 atletas brasileiros sob contrato", explica Roy, ao afirmar que no mundo todo é cerca de uma centena.
A firma se propõe a atuar de três formas, de acordo com a opção de seus clientes e em convênio com American Express, Nexia e banco Merrill Lynch: assessoria na negociação de contrato e gerenciamento de imagem e dinheiro.
Apesar de inicialmente ter dado a entender que a Global Pelé Brasil não merecia sua atenção, em um segundo momento Edinho alega ter sido traído e que considera entrar com uma ação para recuperar a marca Pelé. Roy responde que não quer briga, mas que está amparado legalmente.
Edinho quer organizar um tour da mostra de Pelé, a mesma que esteve no Masp: a primeira parada, o Oriente Médio, é em junho.
Edinho disse que sua empresa cuida da carreira do corintiano Piá e do palmeirense Baiano. Depois, afirmou que isso acontece de modo informal, "por amizade", e que a prioridade da Global Sports Brasil é o trabalho com clubes.


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