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FUTEBOL
Gran Finale
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Itália está por cima.
A primeira decisão italiana da Copa dos Campeões acontece justamente na temporada
em que o Real Madrid montou
seu mais ambicioso time desde
aquela lendária equipe do final
dos anos 50 e começo dos 60.
A ascensão do calcio, que não
chegava à final do mais importante interclubes do planeta desde 1998, e a derrocada de esquadrões de outros países (Manchester United, Barcelona, Bayern e
Arsenal são só algumas das seleções que rodaram) despertaram
grande discussão sobre estilos,
propostas para jogar futebol.
Primeiro, ninguém pode tirar o
mérito de Juventus e Milan, dignos finalistas da Copa dos Campeões. Mais especialmente do time de Turim, de novo o melhor
da temporada do tradicional futebol italiano, que despachou o
Barcelona, invicto até o mata-mata, e o Real, favorito a tudo.
São dois clubes de tradição, com
elencos de primeira linha e que
jogaram dentro do regulamento.
Colocado isso, partimos para a
discussão do momento, a que trata da opção tática dos finalistas.
O Milan tem muito possivelmente a melhor defesa do mundo
hoje. Quem tem Nesta, Maldini,
Simic, Costacurta e Kaladze na
frente de Dida ou de Abbiati está
bem mais do que protegido.
A retaguarda da Juventus também é das melhores. Quem conta
com Thuram, Montero, Ferrara,
Iuliano e Tudor atrás de Davids e
na frente de Buffon pode jogar
com uma segurança quase total.
Por causa dessas duas fortalezas, a final será italiana. Del Piero, Rui Costa, Nedved, Shevchenko, Trezeguet e Inzaghi são eficazes e foram cruciais para o sucesso de Juventus e Milan, mas as linhas de quatro defensores e três
volantes dos times prevalecem.
Por que o lateral Roberto Carlos
joga no Real Madrid? Porque
apóia muito melhor do que marca. Por que o lateral Serginho é reserva no Milan? Porque apóia
muito melhor do que marca.
Por que Ronaldo ganha vaga
em uma equipe com Figo, Zidane
e Raúl? Porque a meta maior é
atacar. Por que Rivaldo não ganha vaga em um time com Rui
Costa, Shevchenko e Inzaghi?
Porque a meta maior é defender.
A questão é conceitual, filosófica. Dizer que os italianos jogam
na retranca e que são brucutus
passa pelo exagero, mas o direcionamento do jogo praticado por
eles está na defesa. Em primeiro
plano, não tomar gols. Nos contra-ataques e na medida do possível (sem muito risco), marcá-los.
Isso não é novidade. Desde a
primeira metade do século 20
""ferrolhos" ganham vez no futebol. A Itália é o país que mais absorveu esse estilo, tão válido
quanto criticado até hoje. Venceu
muito e perdeu muito com ele.
Após a vitória da Juve sobre o
Real Madrid, a imprensa italiana, eufórica, estampou que o verdadeiro ""Dream Team" é o time
de Turim. Isso é tão exagerado
quanto dizer que a final italiana
da Copa dos Campeões significa
algo como a ""morte do futebol".
O calcio pode ser amado ou
odiado, mas deve ser sempre respeitado. Os passionais italianos
amam. Quase todos os críticos
odeiam. Eu prefiro o respeito.
Milan
O time, que já tem Kakha (Kaladze), pode terminar o ano como o
único tetracampeão mundial. Real Madrid e Nacional rodaram.
Juventus
Nedved não estará na final, o que pode pesar. Giovanni Agnelli morreu, mas a ""presença" do patriarca da Juve na final pode pesar.
Libertadores
Como havia escrito, apenas cinco dos 16 times que foram às oitavas-de-final não tinham uma final do torneio no currículo. Quatro desses
já rodaram (Cerro Porteño, Corinthians, Paysandu e Pumas). Só sobrou o Independiente de Medellín, que cruzou com o Cerro Porteño
no mata-mata. A tradição mais uma vez pesou.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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