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Reuters
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O lateral-direito Cafu comemora gol da Roma (ITA), que chegou a atrasar o pagamento de salários no primeiro semestre |
FUTEBOL
Em crise, times italianos atrasam pagamentos e reduzem folha salarial
Europa também renegocia contratos com emissoras
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é só no Brasil que os direitos de TV dos eventos esportivos
estão em baixa. Na Europa, onde
houve um boom nos anos 90,
também é hora de retração.
O fenômeno já está sendo sentido na Alemanha e na Inglaterra e
agora chega à Itália. As emissoras
de TV estão renegociando os contratos com as ligas e os clubes e
conseguindo redução nos valores
anteriormente acertados.
Wolfgang van Betteray, que administra a massa falida do grupo
Kirch, afirmou, por intermédio de
sua assessoria de imprensa, que
um dos erros do conglomerado
foi superavaliar uma série de
eventos esportivos, inclusive a
Copa do Mundo.
Pelos Mundiais de 2002 e 2006,
o grupo chegou a pagar US$ 2,24
bilhões. No momento de revendê-los, teve sérios problemas.
Precisou reduzir os valores em
até 350% e, mesmo assim, não
conseguiu fechar negócio com
países como a Suíça, onde fica a
sede da Fifa, a entidade que dirige
o futebol mundial, e o continente
africano. Para a África, liberou as
imagens da Copa gratuitamente,
com exceção dos sul-africanos,
que pagaram para ver o evento.
Pelos direitos da Copa de 2010, a
própria Fifa reconhece que dificilmente conseguirá chegar à casa
de US$ 1 bilhão, o que significa
uma redução em relação aos dois
torneios anteriores.
Desde que o grupo Kirch entrou
em crise, os direitos de TV da
Bundesliga, o Campeonato Alemão, foram reduzidos, o que gerou um racha entre os clubes e os
dirigentes do gigante de mídia.
No início do ano, os times chegaram a pedir o boicote ao canal
Premiere, que pertencia ao Kirch,
depois que um pagamento de
US$ 90 milhões não lhes foi feito.
Na Inglaterra, a emissora ITV,
também alegando dificuldades financeiras, renegocia suas dívidas
com os times das duas principais
divisões do país.
Na Itália, o quadro é parecido. O
professor Stephen Dobson, autor
de ""A Economia do Futebol", livro publicado pela Universidade
de Cambridge, acha que os clubes
exageraram nos gastos, especialmente com a folha de pagamentos, e agora começam a se adaptar
à nova realidade, inclusive fechando o mercado para os jogadores extracomunitários.
""Os salários foram praticamente dobrando de um ano a outro,
enquanto os direitos de TV não tinham como acompanhar o ritmo.
Chegou a hora de a bolha estourar, num processo parecido com
o que aconteceu com tantas empresas de internet", afirmou.
Depois de os principais clubes
italianos terminarem a temporada 2001/2002 com mais de US$
400 milhões de prejuízo, eles têm
oferecido a vários de seus jogadores uma redução salarial.
Alguns dos mais importantes times do país chegaram a atrasar o
pagamento de salários no primeiro semestre. Foi o que aconteceu
com Lazio, Roma e Torino, que
agora estão negociando com alguns de seus atletas o pagamento
escalonado dos atrasados.
(FÁBIO SOARES E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
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