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Cai série de 20 anos dos EUA nos 100 m
DO ENVIADO A ATENAS
Branca, não-americana. Mas
veloz. Mais do que todas as outras. A mais rápida do mundo.
Yuliya Nesterenko, 25, provocou ontem os primeiros "óóós"
no Estádio Olímpico de Atenas.
Bielo-russa, conquistou o ouro
nos 100 m, a mais clássica das provas olímpicas. Protagonizou a primeira grande surpresa do atletismo. E quebrou um longo tabu.
Há 20 anos, a prova era dominada por negras americanas. Em
Los Angeles-84, o ouro foi de
Evelyn Ashford. Em Seul, de Florence Griffith Joyner. Gail Devers
triunfou em Barcelona e Atlanta.
Em Sydney, foi de Marion Jones.
Até ontem, a última não-americana, e branca, a conquistar os 100
m havia sido a soviética Lyudmila
Kondratyeva, em Moscou-80,
diante do boicote dos EUA.
Coincidência ou não, os americanos perdem a hegemonia logo
após passarem pelo seu maior escândalo de doping, que dizimou
sua delegação de atletismo.
"Posso ter sido uma grande surpresa para o mundo, mas estava
bem preparada", disse a bielo-russa, que marcou 10s93, 0s31 acima do recorde olímpico, de Griffith Joyner, de 1988.
A prova não teve alto índice técnico. Sua marca foi a segunda melhor do ano -antes de Atenas,
Yuliya tinha só o oitavo tempo.
Depois de um resultado tão espantoso no feminino, tudo o que
o atletismo quer é um resultado
"normal" no masculino, hoje.
A largada será às 17h10 de Brasília. As cúpulas do atletismo, do
COI e do Athoc esperam que tudo
esteja terminado dez segundos
depois. Que não ocorram desdobramentos ou mudanças de resultados. Que o fantasma do doping
não apareça nos 100 m.
Mas o receio existe. E tem nome:
Trevor Graham. Ele não corre,
não salta, nunca disputou uma final olímpica. Jamaicano, 40, é
treinador dos norte-americanos
Shawn Crawford e Justin Gatlin.
Não faltam motivos para preocupações. Graham era o técnico
de Marion Jones em Sydney. Trabalhou com Tim Montgomery,
recordista dos 100 m e que, estranhamente, não obteve vaga para
Atenas. Foi, até 2001, sócio do Balco (laboratório que fabricava o esteróide THG). E viu, de um ano
para cá, seis de seus atletas serem
pegos no antidoping.
Crawford e Gatlin classificaram-se ontem para as semifinais,
que acontecem a partir das 14h55.
Para eles, deve ser mera formalidade. Ontem, Crawford cravou
nas quartas-de-final 9s89, um
centésimo de segundo acima do
melhor tempo do ano, que pertence a ele mesmo. Ouro em
Sydney, Maurice Greene foi o segundo mais veloz, com 9s93.
Gatlin foi o quarto colocado.
Entre os brasileiros, apenas um,
Vicente Lenilson, passou para as
semifinais.
(FABIO SEIXAS)
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