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FUTEBOL
Saindo dos eixos
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Vai ser a menor participação
da Europa em Copas, proporcionalmente, desde 1930.
Vai ser a menor participação da
América do Sul em Mundiais,
proporcionalmente, desde 1938.
Em 2006, a Copa do Mundo será na Alemanha, e o Brasil defenderá seu título de campeão, mas
os dois continentes que dão mesmo as cartas no futebol terão que
abaixar um pouco mais a cabeça.
Na primeira Copa da história,
no Uruguai, apenas 13 seleções jogaram. Naquele Mundial meio
esvaziado, só 30,76% dos países
participantes eram europeus. Em
2006, 43,75% das seleções serão
européias. As 14 vagas dadas pela
Fifa ao velho continente são as
mesmas 14 vagas que a Europa tinha em 1982, quando o Mundial
passou a contar com 24 equipes.
Os sul-americanos representarão na próxima Copa 12,5% dos
participantes. Só no terceiro
Mundial da história nossa região
teve menos "espaço" na disputa
(como daqui apenas o Brasil viajou para a França em 1938, algo
incomum, o continente ficou com
6,66% dos times do torneio). As
quatro vagas destinadas à América do Sul são as mesmas que a região tinha em 1982 (24 times).
Todo mundo ganhou na recente distribuição de vagas da Fifa
na Copa de 2006, menos o Eixo.
O Comitê Executivo da entidade agora é igualmente dividido.
São 12 dirigentes do bloco Europa-América do Sul e 12 do resto
do mundo (até antes da Copa era
13 a 11 para o lado mais forte).
A Fifa obrigará, agora, as federações a gastarem com o futebol
feminino (onde hoje há um eixo
EUA-China) no mínimo 4% do
que recebem dela. A entidade
máxima do futebol já criou a Copa das Confederações e o Mundial de Clubes pensando nas regiões periféricas da bola.
O avanço de africanos, que ganharão com justiça a Copa de
2010, de asiáticos, que já ganharam o seu Mundial neste ano, dos
times da Concacaf, que apresenta
bom crescimento técnico, e da
Oceania, que, enfim, ganha uma
vaga fixa em Copa do Mundo, é
mais incontestável do que nunca.
O resto do mundo (países fora
do Eixo), por exemplo, apontou
Ronaldo como o melhor jogador
do planeta. Na votação feita com
técnicos de seleções de todo o
mundo, o atacante brasileiro recebeu 60% de seus votos de fora
de Europa e América do Sul.
O centroavante do Real Madrid
não recebeu votos de técnicos de
seleções que foram campeãs mundiais. Dos 20 países mais bem colocados no ranking da Fifa, só
cinco dirigiram votos a Ronaldo.
Austrália, China, EUA e Canadá são alguns dos países que
ameaçam grande briga pela Copa
de 2014 (tanto o Brasil quanto a
Europa estão certos de que irão
ser apontados a sede desse ano).
Se as seleções africanas roubaram a cena no torneio de futebol
dos Jogos Olímpicos em 1996 e em
2000, em 2004 a cena já se repete
nos bastidores (o camaronês Issa
Hayatou, que concorreu à presidência da Fifa, é o homem-forte
do evento que será na Grécia).
A distribuição de vagas entre os
continentes para a Olimpíada,
aliás, é bem mais "globalizada"
que a apresentada para a Copa
do Mundo. Os talentosos meninos
da Vila e do Morumbi terão que
suar mesmo para ganhar uma
vaga no Pré-Olímpico do Chile
(são duas vagas para a América
do Sul, sendo que a Argentina é
campeã mundial júnior, e o Chile
conquistou o bronze em Sydney).
É o futebol saindo dos eixos.
Europa
A vitória da candidatura Áustria-Suíça para a Euro-2008 foi meio
geográfica (centro do continente), mas será mais um torneio em
região periférica da bola (não será em país de primeira linha no esporte). As demais candidaturas também eram "fora do eixo".
América do Sul
A Recopa Sul-Americana voltará no ano que vem. Olimpia, campeão da Libertadores, e San Lorenzo, campeão da Copa Sul-Americana, deverão jogar em julho de 2003 em Los Angeles. Assim como essa disputa, o Mundial interclubes pode ir para os EUA.
Mundo
Não gosto de prometer nada, mas, inspirado no Ranking Folha publicado hoje (e anualmente), tenho rabiscado um ranking de clubes do futebol mundial. A idéia é mostrá-lo na última coluna do
ano (próximo domingo). Será que emplaca? Aceito sugestões.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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