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VÔLEI
"Frases lindas" de Fofão dão último empurrão ao time
Capitã, que deixa a seleção com 1 ouro e 2 bronzes olímpicos, usa cartazes para motivar as colegas
Levantadora agradece a
Zé Roberto, seu padrinho de casamento, que a convenceu a prosseguir com a seleção depois da queda há 4 anos
DOS ENVIADOS A PEQUIM
Quando as jogadoras chegaram ao vestiário, tiveram uma
surpresa. Em sua despedida da
seleção, Fofão havia colado por
ali cartazes com frases de incentivo às jogadoras. Era seu
presente ao grupo, que podia
ajudá-la a deixar Pequim com
uma inédita medalha de ouro.
No pódio, as jogadoras mostraram um cartaz em homenagem a Carol Gattaz e Joycinha,
cortadas antes dos Jogos.
"Eram frases como: "A gente
sabe que lutou e que esse é nosso momento, é nossa oportunidade e não podemos perder'",
revelou a central Fabiana.
"Eram frases lindas, de incentivo. A galera toda se uniu."
Ganhar uma medalha para a
capitã era uma das motivações
que empurraram a seleção feminina nas quadras chinesas.
A jogadora foi convocada para a seleção em 1991, época em
que Fernanda Venturini era titular incontestável. Ficou nessa posição por oito anos até ganhar a vaga. Alcançou a maior
glória ontem, aos 38 anos.
"O que marca a Fofão é a persistência. Estávamos conversando no Mundial [de 2006],
esperando para ir à final, e ela
me disse que seu objetivo era o
ouro olímpico: "Vou lutar até
conseguir, não importa se for
aos 42, aos 44 anos". Essa colocação me fez perceber que ela
ia mesmo conseguir", afirmou
o preparador físico Zé Elias.
Fofão era uma das jogadoras
mais emocionadas durante a
comemoração do ouro. No pódio, estava aos prantos.
Zé Roberto, que a convenceu
a não parar de jogar e a resgatou para a seleção após Atenas-2004, deu um longo abraço na
jogadora após a conquista. "Ele
disse que eu merecia o que estava acontecendo e que me
amava. Depois de Atenas, pensei em parar, achava que meu
ciclo havia terminado, que novas jogadoras chegariam. Até
que o Zé me convidou e tornou
possível que eu estivesse aqui."
Fofão esteve em cinco semifinais olímpicas seguidas e obteve duas medalhas de bronze.
No grupo campeão olímpico,
além de ser uma jogadora excepcional, a levantadora exercia os papéis de amiga, líder e
conselheira. A cada fim de jogo,
na entrevista coletiva, ela e o
treinador já trocavam impressões sobre o que acontecia.
Foi assim que o treinador teve certeza de que sua equipe
passaria pela China na semifinal. "Perguntei, olhando no
olho dela, que time ela preferia
pegar [Rússia ou China]. Ela
respondeu: "Tanto faz, estamos
preparadas para qualquer
um'", contou Zé Roberto.
O treinador é padrinho de casamento de Fofão -cujo nome
é Hélia Rogério de Souza Pinto.
O técnico Bernardinho e Fernanda Venturini também são.
"A Fofão agrega pessoas em
torno dela. É minha companheira desde 1998, abdicou de
muitas coisas da vida para estar
aqui. Essa medalha tem cara de
Fofão", disse Walewska, 28,
que também deixará a seleção.
"Ela [Fofão] tem 38 anos e está
sempre inteira. Sempre nos
ajuda, nos coloca para cima. É
especial", afirmou Fabiana, 23.
(EDGARD ALVES E MARIANA LAJOLO)
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