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O LAR DA FAMÍLIA SCOLARI
Coreanos aprendem a fazer feijoada para agradar aos brasileiros
Vigilância e sabor bem Brasil
ANA LUCIA BUSCH
DIRETORA-EXECUTIVA DA FOLHA ONLINE
CAIO VILELA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quando chegar ao hotel
Hyundai, em Ulsan, hoje, a seleção brasileira vai encontrar
um outro time, cuja única tarefa é fazer gols na cozinha e armar a retranca nos corredores.
Há mais de um mês, cerca de
20 funcionários do hotel se preparam com cuidado para tentar entender um pouco de cultura brasileira, fazer arroz soltinho e manter a privacidade dos
andares 11 e 12, onde os jogadores e a comissão técnica vão ficar hospedados.
Câmeras na saída dos elevadores e uma cozinha especial
atendem às demandas relativamente simples enviadas pelo
embaixador brasileiro em Seul,
Sérgio Serra: comida brasileira,
isolamento e segurança.
Contudo os coreanos também reformaram os salões de
almoço e a piscina, para tornar
mais confortáveis os dias que
os brasileiros vão passar no hotel, o primeiro no qual vão
compartilhar com cidadãos comuns durante um período de
Copa, em muitos anos.
Para a segurança, além de
duas câmeras com um circuito
interno funcionando 24 horas
nos dois andares, haverá agentes designados pela Fifa e policiais coreanos vigiando os corredores, segundo o gerente
Young-tak Jin, que recebeu a
Folha no business center do
hotel, que agora será de uso exclusivo da seleção brasileira.
O hotel estará lotado durante
o período em que a seleção ficará alojada no local, mas a
maioria das reservas é para
executivos ingleses, provavelmente convidados de empresas para assistir às partidas.
Para os brasileiros, estão reservados 56 quartos duplos, todos com cama king size, fax, telefone, acesso à internet para
quem tiver um laptop e televisão com alguns poucos canais
em inglês dividindo espaço
com uma infinidade de programas em coreano, chinês e japonês. O quarto mais simples
custa US$ 198 por dia, segundo
a tabela do hotel, perfazendo
uma conta que ultrapassa os
US$ 10 mil diários.
Os mais caros, com 64 m2 -o
dobro dos menores-, têm banheira de hidromassagem e
chá incluído, um diferencial
importante na visão dos coreanos. Além disso, há duas suítes
com 96 m2, quarto, sala, banheiro com jacuzzi, lavabo e
uma pequena cozinha.
Para facilitar a comunicação,
foram contratados dois funcionários e três estudantes universitários coreanos que falam
português. Eles devem se revezar em um balcão especial
montado na recepção.
Mas os funcionários pretendem mesmo ganhar o jogo na
cozinha. O chef Choi Kyong-il
espera contar com a ajuda de
dois cozinheiros, que devem
acompanhar a seleção. Acostumado a servir kimchi, uma
acelga temperada e picante
presente em todas as refeições
coreanas, ele já está experimentando uma lista de receitas que
recebeu do embaixador brasileiro, às quais acrescentou outras que copiou de um documentário feito pela rede de TV
americana NBC sobre o Brasil.
Dessa forma, ao cardápio
composto por feijoada completa, couve mineira, churrasco,
pastéis de carne e ambrosia,
que constavam da lista do embaixador, foram acrescentados
bife à parmegiana, frango cozido no azeite, nhoque com molho de tomate e filé mignon ao
estilo francês, segundo o chef,
descritos pela televisão como
típicos do Brasil.
As receitas foram traduzidas
para o coreano, acompanhadas
de uma explicação. "Uma espécie de cozido de feijão, acrescido de parte do porco, como o
pé e a língua, que deve ser servido em uma cumbuca que mantenha o cozimento" descreve
bem a feijoada.
Depois de prontos, os pratos
foram servidos a professores
da universidade local convidados a opinar sobre o sabor. O
churrasco e a couve mineira dividiram as preferências.
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