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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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EXCLUSIVO

Ex-ministro, que trava disputa judicial contra o ex-sócio Hélio Viana, nega ter firmas no exterior que constam de processos na Justiça levantados pela Folha

Pelé oculta empresas, contas e negócios em paraísos fiscais

Caio Guatelli - 31.jan.02/Folha Imagem
Painéis da exposição "Pelé, a Arte do Rei", no Masp, em São Paulo, antes da Copa, na última aparição pública do ex-jogador no país


MÁRIO MAGALHÃES
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O maior jogador de futebol da história, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, e seu ex-sócio Hélio Viana organizaram seus principais negócios nos últimos 15 anos em torno de empresas sediadas em paraísos fiscais.
É o que revelam processos na Justiça brasileira. As empresas não foram declaradas à Receita Federal, mesmo quando Pelé foi ministro dos Esportes (1995-98) e Viana, seu principal assessor.
O contador de Pelé desde os anos 1970, Nilton Chagas, diz que Pelé nunca declarou empresas no exterior. Segundo Chagas, Pelé não possui firmas fora do Brasil.
Hélio Viana diz que não declarou à Receita nenhuma empresa. O motivo, de acordo com ele, é que o proprietário seria Pelé.
A legislação obriga os contribuintes brasileiros residentes no país a informar bens e direitos no exterior e, em numerosos casos, a recolher os impostos sobre rendimentos obtidos fora do Brasil. Se os rendimentos são omitidos, o contribuinte escapa de tributos.
A lei 8.137/90 afirma que constitui crime "(...) omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos (...) para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo". A pena é de detenção de seis meses a dois anos e multa.
Não há investigação da Receita sobre a existência de empresas usadas por Pelé e Viana no exterior e os rendimentos eventualmente proporcionados por elas.
Também inexiste processo sobre possível crime contra a ordem tributária pela operação com firmas das Ilhas Virgens Britânicas (duas), Bahamas e Liechtenstein. O rompimento dos sócios em 2001 abriu um confronto nos tribunais do Rio. Os processos radiografam os negócios no exterior e contêm cópias de depósitos.
Num processo, um advogado de Pelé, Arnaldo Blaichman, reconhece que o cliente é dono da Leros Ltd. (Bahamas) e da Glory Establishment (Liechtenstein).


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