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US$ 3 mi do acordo Fla-ISL "somem" no Caribe
DA SUCURSAL DO RIO
O embate judicial entre Pelé e
seu ex-sócio Hélio Viana sobre o
destino de US$ 3 milhões depositados em contas da PS&M Inc.
em 1999 e 2000 expõe em detalhes
como eles agiram num dos principais negócios que fecharam
após deixar o Ministério dos Esportes em meados de 1998: a intermediação do contrato entre o
Flamengo e a empresa suíça ISL.
Um processo foi aberto em
agosto do ano passado, após Pelé
e sua empresa brasileira PS&M
Ltda. proporem uma ação de
prestação de contas contra Viana,
ex-sócio da firma carioca.
Empresa sem dono
O Flamengo e a ISL Marketing
AG, então gigante mundial do
marketing esportivo, fecharam
em 1999 um contrato prevendo
que a multinacional investiria
US$ 80 milhões no clube.
O acerto foi intermediado por
Pelé e Hélio Viana em nome da
empresa PS&M. À época não foi
esclarecido se era a PS&M Ltda.,
sociedade brasileira de Pelé e Hélio Viana ou a PS&M Inc., das
Ilhas Virgens Britânicas, cuja propriedade ambos negam. Não se
conhece contrato citando alguma
"PS&M" no acordo entre o clube
carioca e a agência suíça.
De 2 de agosto de 1999 a 7 de
março no ano seguinte, a ISL fez
quatro depósitos em favor da
PS&M Inc. Dois de US$ 500 mil e
dois de US$ 1 milhão. No total,
US$ 3 milhões, em contas no Banco Português do Atlântico e no
Delta National Bank nos EUA.
Os dados sobre as contas foram
informados em faxes assinados
por Viana, que afirma ter obedecido a uma ordem de quem ele diz
ser o dono da PS&M Inc., Pelé.
Por sua vez, o ex-ministro afirma ter ouvido falar da existência
da PS&M Inc. pela primeira vez
em novembro de 2001, quando a
Folha publicou reportagem citando a companhia. Segundo Pelé, a
PS&M Inc. pertence a Viana.
O episódio Flamengo-ISL lembra outros contratos em que a
PS&M das Ilhas Virgens (Inc.) e a
do Brasil (Ltda.) se confundiram.
Em 1995, a Inc. assinou contrato
para faturar US$ 3 milhões com
um evento "beneficente" em favor do Unicef (Fundo das Nações
Unidas para a Infância). Num
acordo de partilha dos futuros lucros, a assinatura foi da Ltda. Pelé
disse depois que, ao assinar dois
contratos da Inc. sobre o evento
na Argentina, pensou estar firmando um documento da Ltda.
Foi a Inc. que vendeu os direitos
de exibição das eliminatórias do
Mundial 94 à TV Bandeirantes,
mas a Ltda. quem recebeu -e
omitiu da sua contabilidade, conforme fiscalização da Receita.
Dinheiro sem dono
O meio-campo entre Flamengo
e ISL foi feito por Pelé e Hélio Viana, como atestaram numa carta
de 2000 o presidente do Conselho
de Administração, Jean-Marie
Weber, e o diretor-presidente da
empresa, Heinz Schurtenberger.
Entusiasmado com o negócio
com a ISL, Pelé divulgou em 1999
a possibilidade de a empresa vir a
trabalhar com o Santos. Semanas
depois, referiu-se às tratativas
com o Flamengo como "uma novela que demorou seis meses para
resolver".
A considerar o processo da Barra, todo o trabalho de Pelé e Hélio
Viana foi inútil: US$ 3 milhões
chegaram à PSM Inc., mas nenhum dos dois diz ter posto a
mão no dinheiro.
Quando a ISL quebrou, em
2001, o Flamengo rescindiu o contrato. O liquidante da massa falida
pediu da Suíça, sem sucesso, esclarecimentos sobre o dinheiro
pago à PS&M Inc.
No processo da Barra, um advogado de Pelé, Arnaldo Blaichman,
afirma que o ex-ministro e a
PS&M Ltda. querem receber o dinheiro que seria de direito da empresa brasileira, da qual hoje Viana está afastado. Viana diz que
Pelé ficou com os US$ 3 milhões.
A Justiça encaminhou semanas
atrás a bancos dos EUA pedido de
informações sobre as contas que
receberam depósitos da ISL.
Blaichman se referiu à PS&M
Inc. como "empresa estrangeira
inteiramente estranha". Só que na
década de 90, ao defender a
PS&M Ltda., então de Pelé e Viana, num processo trabalhista, falou com naturalidade sobre a firma das Ilhas Virgens.
(MM E SR)
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