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PELÉ OFFSHORE
Assessor afirma que declaração de renda de ex-ministro terá correções e responsabiliza o antigo parceiro
Para contador, empresas não são de Pelé
DA SUCURSAL DO RIO
O empresário Pelé, 62, nunca
informou em suas declarações de
Imposto de Renda a posse de empresas do exterior nem possíveis
rendimentos delas recebidos porque não possui nenhuma firma
fora do Brasil. A afirmação é do
contador Nilton Chagas, de Santos (SP), responsável pelas declarações de Pelé como pessoa física
desde a década de 1970.
Indagado sobre as empresas Leros Ltd., Vinas Inc., PS&M Inc. e
Glory Establishment, Chagas respondeu que Pelé não é nem foi
dono de nenhuma delas. "Quem
faz as declarações dele [Pelé] sou
eu. Não tem nada no exterior."
A Folha tentou desde a terça-feira ouvir o ex-ministro sobre as
suas operações comerciais no exterior com empresas sediadas em
paraísos fiscais.
Luiz Carlos Telles, diretor da Pelé Pro, empresa de Pelé em São
Paulo, afirmou: "Conversei com o
Pelé [sobre o pedido de entrevista], que foi taxativo em relação à
sua posição. Por ora, ele não tem
interesse de se manifestar a respeito". Na quarta-feira, Telles foi
informado em detalhes sobre o
conteúdo da reportagem.
Ele disse que advogados tributaristas estão "fazendo todos os
acertos" nas declarações de Pelé.
"É algo que na próxima entrega
[da declaração de renda] sairá tudo corrigido." Pelé informou, segundo Telles, que "em determinado momento" seus advogados
"estarão prontos para responder
da melhor forma".
"Com relação à questão tributária, nós temos um grande escritório tomando, óbvio, os procedimentos para a regularização dessas questões", disse Telles. "Uma
pessoa do nível do Pelé não pode
estar com problemas com a Receita Federal ou com qualquer órgão. Desde o princípio primamos
pela legalidade."
Telles responsabilizou Hélio
Viana, ex-sócio de Pelé, por eventuais problemas. "Enquanto o
Hélio era o responsável por essas
situações, houve problemas que
acabaram, realmente, levando o
Pelé a dividir a sociedade. Ele foi
iludido e enganado por um bom
tempo, mas isso é uma coisa que a
gente está discutindo nos autos."
Advogados
Numa ação de prestação de contas que Pelé move contra Hélio
Viana na Justiça do Rio, o advogado Arnaldo Blaichman apresenta
uma versão contraditória com a
do contador Chagas, segundo o
qual Pelé não tem nenhuma empresa em paraíso fiscal.
Nos autos, Blaichman nega com
veemência que Pelé seja ou tenha
sido proprietário da Vinas Inc. e
da PS&M Inc., mas afirma que o
ex-ministro é dono da Leros Ltd. e
da Glory Establishment.
Ao se referir a documentos sobre Leros Ltd. e Glory, Blaichman
escreveu: "[Os documentos] se referem a outras empresas que o ora
segundo demandante [Pelé] realmente possui no exterior, as quais
em momento algum foram por
ele negadas".
A Folha tentou ouvir Blaichman. Em viagem, ele transmitiu
um recado por seu escritório.
Afirmou que, sobre processos,
prefere se manifestar nos autos.
O advogado Sérgio Chermont
de Britto não quis dar entrevista.
Em correspondência anexada a
um processo, ele se referiu à
PS&M Inc., das Ilhas Virgens Britânicas, como uma empresa da
qual Pelé era dono.
"Mesmo que o cliente me autorize, o código de ética me proíbe
de dar entrevistas. Se eu violar o
código de ética, estarei arriscado a
receber uma representação."
O que faz
Depois da ruptura com o sócio
Hélio Viana, em 2001, Pelé se
manteve no mesmo setor empresarial: o marketing esportivo. Na
Copa de 2002, participou da entrega de medalhas aos pentacampeões da seleção brasileira.
O último grande negócio anunciado pelo ex-ministro é uma parceria com o reverendo Moon para
promover um torneio de futebol
na Coréia do Sul. Parte da arrecadação será destinada, disse o ex-ministro, a projetos sociais em todo o mundo.
(MÁRIO MAGALHÃES E SÉRGIO RANGEL)
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