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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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PELÉ OFFSHORE

Assessor afirma que declaração de renda de ex-ministro terá correções e responsabiliza o antigo parceiro

Para contador, empresas não são de Pelé

DA SUCURSAL DO RIO

O empresário Pelé, 62, nunca informou em suas declarações de Imposto de Renda a posse de empresas do exterior nem possíveis rendimentos delas recebidos porque não possui nenhuma firma fora do Brasil. A afirmação é do contador Nilton Chagas, de Santos (SP), responsável pelas declarações de Pelé como pessoa física desde a década de 1970.
Indagado sobre as empresas Leros Ltd., Vinas Inc., PS&M Inc. e Glory Establishment, Chagas respondeu que Pelé não é nem foi dono de nenhuma delas. "Quem faz as declarações dele [Pelé] sou eu. Não tem nada no exterior."
A Folha tentou desde a terça-feira ouvir o ex-ministro sobre as suas operações comerciais no exterior com empresas sediadas em paraísos fiscais.
Luiz Carlos Telles, diretor da Pelé Pro, empresa de Pelé em São Paulo, afirmou: "Conversei com o Pelé [sobre o pedido de entrevista], que foi taxativo em relação à sua posição. Por ora, ele não tem interesse de se manifestar a respeito". Na quarta-feira, Telles foi informado em detalhes sobre o conteúdo da reportagem.
Ele disse que advogados tributaristas estão "fazendo todos os acertos" nas declarações de Pelé. "É algo que na próxima entrega [da declaração de renda] sairá tudo corrigido." Pelé informou, segundo Telles, que "em determinado momento" seus advogados "estarão prontos para responder da melhor forma".
"Com relação à questão tributária, nós temos um grande escritório tomando, óbvio, os procedimentos para a regularização dessas questões", disse Telles. "Uma pessoa do nível do Pelé não pode estar com problemas com a Receita Federal ou com qualquer órgão. Desde o princípio primamos pela legalidade."
Telles responsabilizou Hélio Viana, ex-sócio de Pelé, por eventuais problemas. "Enquanto o Hélio era o responsável por essas situações, houve problemas que acabaram, realmente, levando o Pelé a dividir a sociedade. Ele foi iludido e enganado por um bom tempo, mas isso é uma coisa que a gente está discutindo nos autos."

Advogados
Numa ação de prestação de contas que Pelé move contra Hélio Viana na Justiça do Rio, o advogado Arnaldo Blaichman apresenta uma versão contraditória com a do contador Chagas, segundo o qual Pelé não tem nenhuma empresa em paraíso fiscal.
Nos autos, Blaichman nega com veemência que Pelé seja ou tenha sido proprietário da Vinas Inc. e da PS&M Inc., mas afirma que o ex-ministro é dono da Leros Ltd. e da Glory Establishment.
Ao se referir a documentos sobre Leros Ltd. e Glory, Blaichman escreveu: "[Os documentos] se referem a outras empresas que o ora segundo demandante [Pelé] realmente possui no exterior, as quais em momento algum foram por ele negadas".
A Folha tentou ouvir Blaichman. Em viagem, ele transmitiu um recado por seu escritório. Afirmou que, sobre processos, prefere se manifestar nos autos.
O advogado Sérgio Chermont de Britto não quis dar entrevista. Em correspondência anexada a um processo, ele se referiu à PS&M Inc., das Ilhas Virgens Britânicas, como uma empresa da qual Pelé era dono.
"Mesmo que o cliente me autorize, o código de ética me proíbe de dar entrevistas. Se eu violar o código de ética, estarei arriscado a receber uma representação."

O que faz
Depois da ruptura com o sócio Hélio Viana, em 2001, Pelé se manteve no mesmo setor empresarial: o marketing esportivo. Na Copa de 2002, participou da entrega de medalhas aos pentacampeões da seleção brasileira.
O último grande negócio anunciado pelo ex-ministro é uma parceria com o reverendo Moon para promover um torneio de futebol na Coréia do Sul. Parte da arrecadação será destinada, disse o ex-ministro, a projetos sociais em todo o mundo. (MÁRIO MAGALHÃES E SÉRGIO RANGEL)


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