|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Categoria perderá mais competidores e equipes para a rival IRL e corre em busca de novo patrocinador
Crise deixa Indy com três pilotos em 2003
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Indy, categoria que um dia
sonhou em rivalizar com a F-1,
parece estar mesmo à beira do
abismo. Afundada na pior crise
desde que foi criada, em 1979, a liga só tem três pilotos confirmados para a próxima temporada.
Entre as equipes, acontece fenômeno semelhante. Dos 11 times
que participaram do campeonato
neste ano, apenas cinco já confirmaram presença em 2003.
O último golpe aconteceu quarta-feira, quando a Ganassi anunciou oficialmente que deixará a
categoria em que está desde 1988
para se transferir para a IRL.
Segundo time em atividade com
mais vitórias na Indy (46) -só
perde para a Newman-Haas, com
68 triunfos-, o impacto de sua
saída só não foi pior do que o que
aconteceu no final do ano passado, quando a Penske iniciou a debandada de equipes para a IRL.
Ganhadora de quatro títulos seguidos -em 1996 com Jimmy
Vasser, em 1997 e 1998 com Alessandro Zanardi e em 1999 com
Juan Pablo Montoya-, a Ganassi
dominou a categoria no final dos
anos 90, período em que conquistou 65,3% de suas vitórias.
Outra equipe que decidiu abandonar o barco foi a Green. Comprado por Michael Andretti, o time também desembarca na IRL
na temporada que vem. E, para
piorar mais a situação da Indy, leva junto três pilotos de peso.
Além do próprio Andretti, que
pilotará um dos carros, a equipe
ainda terá o escocês Dario Franchitti e o brasileiro Tony Kanaan.
Mas a fuga de pilotos não pára
por aí. Pelo segundo ano consecutivo, a Indy começará uma nova
temporada sem poder ver seu
atual campeão nas pistas.
Cristiano da Matta, terceiro brasileiro a conquistar o título da categoria, não correrá na Indy em
2003: o mineiro deve ser anunciado no próximo mês como piloto
da Toyota na F-1. Gil de Ferran,
bicampeão da Indy em 2000 e
2001 havia sido o último campeão
a não defender seu título.
Outros pilotos também já anunciaram futuros bem longe da
Indy. Christian Fittipaldi vai correr na Nascar, a popular stock-car
norte-americana. O neozelandês
Scott Dixon, escolhido como o
melhor novato da categoria no
ano passado, também está de malas prontas. Vai para a IRL.
Chris Pook, presidente da Cart
(entidade que dirige a Indy), no
entanto, não admite estar preocupado com a falta de mão-de-obra
para o ano que vem. Em recente
entrevista, comparou a Indy com
outros esportes profissionais.
"Em outras modalidades, como
beisebol, basquete e futebol os
profissionais estão constantemente em mudança. Mudam de
um time para outro, de um lugar
para outro", afirmou Pook.
"Claro que ninguém gosta de
perder as pessoas, mas estamos
aqui fazendo negócios. Fazemos
parte de um esporte profissional,
e atletas profissionais vão e voltam. Para cada porta que se fecha,
uma outra se abre", completou.
E ainda aproveitou para usar
Dario Franchitti como exemplo.
"Veja o Dario. Ninguém sabia
quem ele era há três ou quatro
anos. Todos achavam que ele era
um italiano que estava tentando a
sorte nos EUA. Hoje sabem que
ele é escocês. Isso acontece. Você
cria estrelas e elas seguem seu caminho", filosofou o dirigente.
Além de enfrentar dificuldades
como a falta de equipes e pilotos
de gabarito, a Cart terá que lidar
com outro problema: a FedEx, patrocinadora que até este ano dava
nome à categoria, anunciou nesta
semana que deixará a Indy para se
concentrar apenas na F-1, onde
estampará os carros da Williams.
Isso sem contar que a categoria
terá só um fornecedor de motores
para 2003: a Ford-Cosworth. As
japonesas Honda e Toyota, que
estavam na Indy desde 1992 e
1996, respectivamente, também
estão de mudança para a IRL.
Resta saber agora se haverá pilotos e carros suficientes para
montar o grid no ano que vem.
Texto Anterior: Futebol - Rodrigo Bueno: Agora é 2006 Próximo Texto: Pingue-pongue: Para Penske, categoria deve acabar em 1 ano Índice
|