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análise
Idade ajuda, sim, mas não sem a técnica
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
A suspeita sobre as atletas
chinesas, apesar de não ser
algo inédito na ginástica, evidencia o quão precoce tem
sido a preparação das atletas
pelo mundo afora.
As potências começam a
trabalhar suas futuras campeãs a partir dos quatro anos.
Devido a isso, não é raro que
meninas de talento façam,
ainda precoces, elementos
de alto grau de dificuldade.
O Brasil tem seu exemplo:
Jade Barbosa. Se Daiane dos
Santos assombrou o mundo
com seu duplo twist carpado
no Mundial-03, aos 20 anos,
Jade foi além, ao ser a mais
jovem do planeta a fazer o
movimento, aos 13 anos.
Só a juventude, em si, não
traz resultados. Mas, por
uma questão biomecânica e
de massa corporal, sabe-se
que, se equiparadas na técnica, meninas magras e mais
jovens são mais capazes.
Isso porque, dizem especialistas, a ginástica nada
mais é do que uma combinação de rotações em vários eixos do corpo. E, na teoria, terá vantagem a atleta mais leve e baixa, que fará o elemento sem imprimir tanta força.
O fator psicológico é outro
determinante, pois crianças
fazem sérios movimentos
como diversão, sem pressão.
Sem contar que, com 14, 15
anos, a ginasta sofre a natural explosão de hormônio,
evidente no crescimento dos
seios e da massa corporal.
A partir daí, os movimentos exigem mais força da ginasta e mais resistência física e das articulações. A questão é tão séria que a federação internacional estuda
criar categorias por idade.
Enquanto isso, o que de fato pesa na ginástica é o talento, a técnica. É uma pena se
dois deles ficarem fora dos
Jogos pelo ano que nasceram. Mas uma coisa é absoluta: independentemente da
idade, não se deve burlar a
regra, como suspeita-se que
fizeram as chinesas, ou melhor, quem está por trás delas
e pode ter estragado o futuro
de duas campeãs.
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