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Analistas vêem "medo de vencer"
DA REPORTAGEM LOCAL
Falta treino. Segundo psicólogos ouvidos pela Folha, os fracassos femininos em Atenas têm
uma explicação. As jogadoras ainda precisam aprender a ganhar e
enfrentar situações de pressão.
"O medo do sucesso às vezes
pode ser maior do que o do fracasso. Quando
a pessoa se vê
apta a realizar
algo maior do
que acha que é
capaz, ela se
desorganiza.
Às vezes, as
pessoas adiam
o sonho para
permanecer na
luta", afirma
Fernando Zanluchi, psicólogo da equipe
brasileira de ginástica rítmica, em
clara alusão à derrota da seleção
feminina de vôlei para a Rússia,
na semifinal, quando o time do
técnico José Roberto Guimarães
desperdiçou sete match points.
Segundo os especialistas, estar
em uma Olimpíada já gera uma
carga extra de estresse em qualquer atleta. Mulheres, que costumam ser mais emotivas que os
homens, podem senti-la de forma
mais intensa. Mas a "predisposição" para o erro pode ser combatida em qualquer um com treino.
"É preciso fazer um trabalho
que simule situações de decisão.
As meninas do triatlo, por exemplo, sentiram demais. Elas precisam aprender a encarar a Olimpíada como mais uma etapa do
Circuito Mundial", disse Gilberto
Gaertner, psicólogo do esporte
que trabalhou com as seleções
masculina e feminina de vôlei.
Em Atenas, Mariana Ohata ficou em 37º lugar. Carla Moreno
abandonou por cansaço, Sandra
Soldan sentiu uma contusão.
"Daiane deixou o país como a
esperança de ser a heroína. Isso,
aliado a uma primeira Olimpíada,
gera muito nervosismo. Acredito
até que a lesão dela possa ter um
fundo psicológico. Quando você
tem muito estresse, fica vulnerável a lesões", afirma João Ricardo
Cozac, psicólogo do esporte.
O caso da ginasta Daiane dos
Santos, para especialistas, é emblemático. A atleta gaúcha não teve apoio psicológico na recuperação -apenas conversou com
Dietmar Samulski, psicólogo do
COB, já na Vila Olímpica.
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