São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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VÔLEI

Às vésperas de desmanche, grupo tenta coroar revitalização operada por Bernardinho

Seleção busca ouro para retornar ao topo e evitar despedida melancólica

Washington Alves/ COB
Nalbert, capitão do Brasil e que faz a sua despedida da seleção na partida que vale a medalha de ouro, hoje, contra os italianos


LUÍS CURRO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

O auge, o sonho, o ouro.
Por tudo isso, e também num clima de despedida, a seleção brasileira masculina de vôlei enfrenta hoje a Itália, às 8h30, em sua segunda final olímpica na história.
Em Atenas, sonho realizado ou não, tudo acaba, revela Bernardinho, que já é o único treinador brasileiro a ganhar medalha com equipes diferentes -tem dois bronzes com o time feminino.
Ele fala que depois de hoje "começa uma nova vida". Uma vida com mudanças na seleção.
Após a Olimpíada, a equipe ficará sem o capitão Nalbert, 30, que jogará mais uma temporada de clubes e, depois, partirá para o vôlei de praia. E Maurício, 36, e Giovane, 33, os dois únicos remanescentes do ouro em Barcelona-92, não chegarão a Pequim-08.
O próprio técnico diz não saber se continua. Ao chegar ao Brasil, fará com a direção da confederação brasileira uma análise de seu trabalho. Tem compromisso firmado para treinar o Rexona, que terá sua mulher, Fernanda Venturini, como levantadora.
"Foram quatro anos de uma viagem extremamente especial. Falo aos jogadores: "Aproveitem estes últimos momentos. Vocês vão sentir saudades de seus companheiros, com quem vocês bateram bola por quatro anos, na hora boa e na hora ruim'", afirmou. "Aprendemos muito, erramos e acertamos. Esse grupo merece o ouro por tudo o que fez."
Questionado sobre o "sentir saudades", Bernardinho foi direto ao ponto: sabe que será a última partida em uma competição de ponta com esta mesma base.
"Temos que curtir este momento final, que é especial e tem que ser captado", afirmou.
Os atletas que ficam mesclam o sentimento de tristeza com o conhecimento de que novos líderes precisarão surgir.
"Os três [Maurício, Giovane e Nalbert] são grandes jogadores e grandes líderes, teremos que tampar a saída deles. Falta eles vão fazer, como falta fez o Carlão [capitão em Barcelona-92] quando saiu. Temos que ter a frieza para buscar mais líderes e não podemos deixar cair a peteca", declarou o ponta Dante, 23, o mais jovem da seleção em Atenas.
Como nas partidas anteriores, nenhum dos três deve ser titular hoje. Nalbert está longe do auge da forma depois de ter passado por uma cirurgia no ombro, Giovane e Maurício são reservas.
Um triunfo hoje, além de quebrar um tabu de 12 anos sem medalhas, representa o ponto máximo da escalada de Bernardinho.
Centralizador, exigente e estressado, o treinador, desde que deixou a seleção feminina, em 2000, conseguiu reerguer o vôlei masculino, abalado por maus resultados -foi sexto em Sydney-2000.
Com ele no banco, o Brasil ganhou 11 de 14 competições.
Diz Bernardinho que o topo do pódio agora será a realização máxima, e os atletas fazem coro. "Ralamos durante quatro anos, chegou a hora de realizar nosso sonho", afirma André Nascimento.
NA TV - Sportv, ESPN Brasil,
Band, Globo, ao vivo, às 8h30


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