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Autor diz que ficou surpreso com a repercussão do tiro
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Só quem passou longe de jornais, revistas e programas de fofoca no último mês não ouviu falar
da polêmica da bala perdida em
"Mulheres Apaixonadas". Mesmo sem ter sido sequer mencionada na novela, a história já corre
entre os telespectadores e foi parar na Prefeitura do Rio.
O tiro irá matar a personagem
Fernanda (Vanessa Gerbelli) numa rua do Leblon (zona sul do
Rio), provavelmente no capítulo
da próxima sexta. Ao ficar sabendo da cena -que foi divulgada
com antecedência, como sempre
ocorre nas histórias de Manoel
Carlos-, a Associação Brasileira
da Indústria Hoteleira e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares
do Rio protestou, dizendo que a
novela afastaria os turistas.
O subprefeito da zona sul, Cláudio Versiani, negou autorização
para que a Globo gravasse a cena,
alegando que atrapalharia o trânsito. O prefeito Cesar Maia, que
estava em Barcelona, teve de entrar na confusão e acabou liberando a gravação. "A intervenção do
setor público seria a volta da maldita censura. Acho essa discussão
[sobre a cena] uma bobagem",
afirmou o prefeito à Folha.
O secretário estadual de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, também considerou a eventual proibição como censura. "O
que afeta a imagem do Rio é o que
as autoridades estão fazendo pela
segurança", disse, por meio de
sua assessoria de imprensa.
Manoel Carlos diz que ficou
surpreso com tanta repercussão:
"[Bala perdida] É bastante comum no Brasil e, acentuadamente de uns tempos para cá, no Rio.
Não esperei a reação que foi esboçada por alguns, considerando a
cena negativa para a cidade. Mas
o prefeito houve por bem acabar
com a onda que ameaçava se
transformar no mico do ano".
Na opinião da socialite Vera Loyola, moradora do Rio que já inspirou uma personagem de Manoel Carlos em "Por Amor"
(1998), o autor deveria desistir do
tiro. "Estamos numa campanha
contra o desarmamento. Todo
mundo sabe que há balas perdidas, mas para que ficar mostrando na novela? Pode tornar as pessoas mais paranóicas."
Para o diretor de fotografia do
filme "Carandiru", Walter Carvalho, o que há na novela não é uma
real discussão sobre a violência.
"A qualidade dramatúrgica da TV
é desqualificada, porque os contatos que ela tem com a realidade
são só para atingir ibope. Não se
procura aprofundar a visão sobre
a questão da violência."
Fernanda, que nem faz parte do
núcleo de protagonistas, vai morrer ao passar de carro por um tiroteio entre bandidos e a polícia,
deixando sua filha órfã. Não é um
fato inédito nas tramas de Manoel
Carlos: em 2000, a personagem de
Lilia Cabral em "Laços de Família" também morreu desse jeito,
na Lagoa Rodrigo de Freitas, no
Rio, deixando uma filha.
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