São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003 |
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TRECHO "Não olhei mais para ela (...). Desconsiderei seu ar indignado, seu sentimento de humilhação, a perda de andamento, o desencontro rítmico. Acabei o ensaio dizendo para os músicos que eu conhecia poucas orquestras no mundo capazes de destroçar Mahler daquela forma. (...) Vi que Marie chorava, quando desci do palco, com o violinista praticamente ajoelhado aos seus pés, consolando-a. Nada une mais uma orquestra do que um bom esporro. Tocam uns contra os outros sempre que podem, mas se alguém recebe uma descompostura, sofrem numa sincronia perfeita. Talvez uma orquestra só seja de fato coesa e orgânica no momento em que compartilha o ódio ao maestro. De repente, impulsionados pelo rancor, todos os naipes passam a se comportar como os metais, relaxam, ganham uma certa humanidade, ficam sensíveis ao sofrimento do outro, e se unem. Contra o maestro." De "Valsa Negra" Texto Anterior: Festa literária de Parati: Sinfonia do adeus Próximo Texto: Vacas magras foram ouro para Parati Índice |
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