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Gogol Bordello recusa rótulo de "world music"
Grupo de rock-cigano com integrantes de sete países toca no Brasil em outubro; vocalista diz que termo é "estúpido e racista'
Show tem clima caótico, mas segue padrão pop; vocalista morou no Rio e diz que fará parte da turnê de Madonna, em dezembro
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
Com integrantes saídos de
países como Ucrânia, Israel,
Etiópia, Estados Unidos, Equador, Rússia e China, o grupo
Gogol Bordello se encaixa como poucos dentro da categoria
"world music". O ponto é que
eles detestam esse termo.
"É estúpido, racista. Como se
dissessem: "Aqui está a música
americana, o resto é world music". O que isso quer dizer?", revolta-se o vocalista e criador da
banda, o ucraniano Eugene
Hutz. Ele falou à Folha em
Chicago, na sexta-feira passada. Naquele dia, o Gogol se
apresentou no festival Lollapalooza e, poucas horas depois,
fez show no clube Metro.
Se world music é um termo
equivocado, mais apropriado é
chamar a música do Gogol Bordello de punk-pop-cigano-performático. Ao vivo, isso é traduzido de forma festiva e caótica por nove pessoas, incluindo
dançarinas e músicos que tocam acordeão, violino e percussão. Apesar de toda a variedade, tanta gente e tantos instrumentos, a estrutura da música
segue o padrão pop, alternando
momentos lentos e rápidos,
com refrão. Após 20 minutos, o
show fica repetitivo.
Os integrantes foram recrutados por Hutz (ou Evgeny
Aleksandrovitch Nikolaev, 35)
em Nova York, cidade na qual
ele morou após sair da Ucrânia
e viver em comunidades ciganas da Polônia e Hungria.
"Quando os conheci, não estava procurando por ninguém
em especial. Apenas aconteceu
de encontrar essas pessoas",
conta. E fala sobre o que o motivou a montar o Gogol Bordello: "O conceito era: fazer o melhor show de rock-cigano do
mundo. E acho que estamos
nos dando bem. Colocamos ênfase na performance, nas influências ecléticas. Não somos
nem um pouco convencionais.
Essa é a proposta: ser o mais
anticonvencional possível".
O primeiro disco da banda,
"Voi-La Intruder", saiu nos
EUA em 2002. Pouco depois,
veio "Multi Kontra Culti vs
Irony". "Super Taranta!" recebeu, no ano passado, críticas favoráveis. Mas a alquimia do
Gogol Bordello é melhor desenhada nas apresentações. No
Metro, em Chicago, a banda fez
show de quase duas horas em
ritmo incessante.
"Somos uma banda movida
por paixão. Nossas músicas não
são feitas para tocar em rádio,
mas hoje elas tocam porque as
rádios têm de tocá-las, pois a
banda se tornou popular."
Madonna e Brasil
Em outubro, o Gogol Bordello fará shows no Brasil, dentro
do Tim Festival. Não será a primeira visita de Hutz ao país; ele
morou no Rio de Janeiro por
algum tempo neste ano, e chegou a organizar festas pela cidade. Por que escolheu o Rio?
"Há uma garota envolvida,
claro. Além disso, eu estava em
Nova York por dez anos. Não
sei como fiquei por tanto tempo em uma cidade. Sempre fui
intrigado pelo Brasil, então dei
entrada na documentação para
receber um visto de 30 dias e
me deram um de cinco anos.
Deve significar algo..."
Além de festas, ele diz que, no
Rio, escreveu e compôs "bastante". "Há muitos músicos no
Rio. Conheci gente de Pernambuco, como DJ Dolores, Mundo
Livre, Nação Zumbi."
O músico tem carreira paralela no cinema. Já estrelou, por
exemplo, "Uma Vida Iluminada" (2005). Também steve em
"Filth & Wisdom", estréia de
Madonna na direção.
Sobre a experiência, limita-se a dizer que Madonna "é uma
garota engraçada". E avisa:
"Vou tocar com ela em dezembro, no show em São Paulo".
O repórter THIAGO NEY viajou a convite da produção do Tim Festival
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