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"Tenho orgulho de meu passado de guerrilheiro", diz angolano Pepetela
Ao lado da nigeriana Chimamanda Adichie, escritor falou sobre luta armada
MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
"Tenho orgulho de meu passado de guerrilheiro, de ter participado da guerra pela libertação de Angola", disse o escritor
Pepetela (pseudônimo de Artur
Pestana) ontem na Flip. Ele
participou da mesa "Guerra
e Paz" com a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que está lançando "Meio
Sol Amarelo" (Companhia das
Letras), romance épico já traduzido em 27 línguas que tem
como pano de fundo a Guerra
da Biafra.
O autor angolano, que já venceu o prestigioso Prêmio Camões, leu trecho de "Predadores" (Língua Geral), em que
personagens do livro mostram
influência das telenovelas brasileiras e de Jorge Amado.
Enquanto Pepetela lembrou
seu passado na luta armada
("difícil imaginar Pepetela segurando uma arma", disse o
mediador, o escritor angolano
José Eduardo Agualusa), a autora nigeriana, que nasceu depois de a guerra ter terminado
em seu país, disse que não vivenciou o conflito, mas cresceu
marcada por ele ("vivia perguntado para os parentes e tomava
nota de tudo").
Pepetela comentou sua experiência e disse que os bons comandantes da guerra tinham o
corpo "blindado" (fechado).
"Mesmo militares marxistas e
ateus precisavam passar pelo
ritual para conquistar o respeito da tropa", afirmou.
Chimamanda defendeu a boa
escrita. Disse que os escritores
devem ter liberdade para escolher seus temas ("tenho amigos
que não se interessam por política, e isso é ótimo") e afirmou
que queria contar os pequenos
dramas humanos, já que "as
pessoas continuam se casando
e tendo filhos mesmo durante a
guerra". Segundo ela, "o general por dentro continua sendo
um menino".
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