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Comida
Made in Asia
Tah-tsai, pai-tsai, horenso, komatsuna... Difíceis de pronunciar, esses são os nomes de algumas das verduras orientais cujo cultivo cresce em solo brasileiro
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Domingo, 4h40 da manhã.
Lee Hoan Liang chega ao
Mercado Municipal do Produtor, o antigo Cobal, em Mogi
das Cruzes, e circula entre as
barracas do varejão. Na escuridão, algumas ainda nem terminaram de ser montadas.
Examina e, de repente, pára
diante de uma, pergunta o preço, faz as contas, saca um bolo
de dinheiro do bolso e arremata
todo o estoque de uns nabos
lindos, redondos, graúdos.
Sua mulher, Hsuen Ju Fann
Lee, dispara em outra direção e
encontra umas ervilhas diferentes, de bordas arroxeadas.
"É orelha-de-padre vermelha",
explica, enquanto compra os
três únicos pacotes disponíveis.
E continuam, mandando encaixotar maços e mais maços de
pai-tsai, horenso e komatsuna,
sem dar a mínima para os pés
de alface e as pilhas de brócolis
que ocupam uma boa parte das
barracas do varejão. "Só coisa
diferenciada", diz Lee.
Dali, as compras de Lee e
Hsuen juntam-se aos cogumelos cultivados por eles e vão para a Liberdade, em SP. Aos domingos, o ponto é a rua Galvão
Bueno; durante a semana, a
praça da Liberdade. Boa parte
do que trazem é vendida a donos de restaurantes e mercearias, principalmente da região.
Às 6h30 da manhã, os clientes parecem brotar da calçada
do bairro oriental paulistano. É
senhor Lee pra cá, senhor Lee
pra lá, e, quando vê, uma chinesa já se encarapitou dentro de
seu furgão à procura de uma
verdura que não está à vista.
Radicado há 13 anos no Brasil, o taiwanês Lee diz que,
quando chegou, era difícil encontrar as verduras às quais estava habituado. "Agora elas estão mais populares", diz.
Tsai o quê?
A maior oferta das tais hortaliças inusuais, ao menos para o
olhar da maioria dos brasileiros, deve-se a algumas propriedades de Mogi das Cruzes, onde
vivem muitos orientais ou descendentes -japoneses, chineses, taiwaneses e coreanos.
Parte dos lavradores enxergou no repertório alimentar
oriental uma chance de diversificar a produção e se diferenciar, plantando aqui os sabores
de outras terras. "As verduras
chinesas vendem mais do que
as japonesas. Os japoneses já
estão na quarta, quinta geração.
E os chineses estão na segunda,
no máximo na terceira. Então,
eles conhecem, ainda têm essa
ligação", diz Luís Yano, que
planta a chinesa tah-tsai.
Como outros produtores, aos
domingos Tadeu Kumano vende as verduras asiáticas que
cultiva direto ao consumidor.
As triviais, apesar de plantar,
não leva. "Não tem saída. Tem
que ter mais variedade do que
quantidade", diz Kumano.
Com nomes complicados de
pronunciar e escritos das mais
diversas formas, boa parte das
verduras de origem chinesa
têm em comum a palavra "tsai",
que quer dizer vegetal. Chinesas ou não, são vendidas em
maços enormes, e há variedades para todos os gostos: da hoje trivial acelga chinesa (chinguensai) a outras bem diferentes, como a tah-tsai e a horenso.
Onde encontrar
Locais para comprar verduras de origem asiática
Mercado Municipal do Produtor
av. Prefeito Carlos Ferreira Lopes, 550, Mogi das Cruzes, tel. 0/xx/11/4790-5950
domingo, das 6h às 12h
Banri
r. Galvão Bueno, 160, Liberdade, tel. 0/xx/11/3208-7232
Towa
pça. da Liberdade, 113, Liberdade, tel. 0/xx/11/3105-4411
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