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Deneuve dá "lição" e ganha Palma especial
DO ENVIADO A CANNES
Catherine Deneuve, 62, estrela
de mais de 50 filmes, desbancou
as novatas anteontem na abertura
de gala do Festival de Cannes. Estava radiante e foi o destaque nos
jornais e nas TVs. Ontem, participou do evento "Lição de Atriz"
-longa entrevista feita pelo apresentador Fréderic Mitterrand.
"Catherine Deneuve é uma presença sempre sublime. Eis um
rosto que a luz acaricia e a sombra
protege", saudou Gilles Jacob, diretor do festival, antes de entregar
uma Palma de Ouro especial a ela.
A sala Luis Buñuel ficou lotadíssima. Na primeira fila, os diretores
Agnès Varda e Benoît Jacquot.
Deneuve estava com um vestido
preto, unhas pintadas de vermelho e um grande anel redondo
verde-jade, a mesma cor dos brincos. Apesar da idade, sua imagem
continua encantadora e intrigante. Ela fascina o observador e, ao
mesmo tempo, o distancia com
seu olhar aristocrático.
Ao falar ao público, porém, Deneuve o fez com muita espontaneidade, disparando as palavras
como uma pequeno-burguesa.
"[François] Truffaut dizia que na
minha família todos falavam muito rápido porque, como éramos
numerosos, todos queriam aproveitar sua vez de falar", ela contou, entre um cigarro e outro.
Entrevistador tímido e rococó,
Mitterrand parecia mais disposto
a elogiar Deneuve do que a entrevistá-la. Mesmo assim, a atriz
contou outras coisas mais: que a
mãe dublava Esther Williams, que
Marilyn Monroe é o seu único
ídolo feminino nas telas, que foi
Jacques Demy quem a convenceu
a se dedicar ao cinema, que é pudica e não se sentiu muito à vontade filmando com Roger Vadim,
seu primeiro marido.
"Não sei se eu teria filmado com
Roman Polanski e com Luis Buñuel se tivesse dez ou 15 anos a
mais, pois talvez não tivesse a
abertura e a disponibilidade de
que eles precisavam e que eu tinha quando jovem", disse a atriz,
se referindo a "Repulsa ao Sexo" e
a "A Bela da Tarde", dois clássicos
que fez aos 21 e 22 anos.
(ALN)
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