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INVESTIGAÇÃO
Ministério Público vai aprofundar investigação em contas da fundação
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Estado de São Paulo decidiu investigar as denúncias de supostas irregularidades na gestão de dinheiro público pela Fundação
Padre Anchieta, que administra
a TV Cultura. As suspeitas são de
mau uso de recursos do Estado.
Até o dia 23 deste mês, a instituição terá de apresentar documentação ao Ministério Público.
"A fundação enfrenta dificuldades financeiras há anos. Mas
as recentes denúncias publicadas
na imprensa indicam que a situação é mais grave do que supúnhamos. As contas analisadas
estão formalmente em ordem,
mas não significa que não tinham problemas", diz Paulo José de Palma, promotor de Justiça
Civil de Fundações do MP.
Cláudia Costin, secretária da
Cultura do Estado de São Paulo,
afirma que, desde que assumiu o
cargo há cinco meses, recebeu
várias denúncias -sem provas- de que poderia haver desvio de dinheiro na fundação.
"Levei essas denúncias ao conselho." Como membro do conselho, ela diz que achou "estranho"
nos dados apresentados aos conselheiros a contratação de pouco
mais de 200 pessoas nos últimos
anos e a posterior demissão.
O TCE (Tribunal de Contas do
Estado) deve iniciar ainda neste
mês auditoria na instituição para
analisar o balanço de 2002. O tribunal julgou as contas da Fundação Padre Anchieta -com ressalvas- até o ano de 99. Os balanços de 2000 a 2002 estão sendo analisados por técnicos. Uma
comissão de deputados também
será formada para verificar a situação financeira da emissora.
Jorge da Cunha Lima, diretor-presidente da fundação, diz que
o problema enfrentado pela Cultura é igual ao de outras emissoras. "O problema é falta de investimento e de modelo de repasse."
Ele afirma que a fundação passa
por cinco auditorias por ano.
Funcionários da TV Cultura
também querem que as contas
da emissora sejam investigadas.
Um grupo deles reivindica, por
meio de abaixo-assinado, a mudança da atual direção da fundação, a instalação de uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) e a imediata liberação
de recursos pelo Estado.
O Sindicato dos Radialistas do
Estado de São Paulo diz que relatos de funcionários e ex-funcionários indicam que pode haver
má gestão na emissora e desvio
de dinheiro. "Não há provas,
mas indícios. É preciso que haja
investigação", diz Nilton de Martins, coordenador do sindicato.
"Jorge da Cunha Lima não tem
apoio interno nem do governo",
afirma Luiz Antonio Fleury Filho, deputado federal (PTB-SP).
"Queremos verificar o grau de
sucateamento da emissora e as
causas que levaram a isso."
Para Fleury, "o governo quer
tirar Cunha Lima da presidência
da fundação. Está cortando a
verba para que ele saia".
"O investimento está parado.
A verba para custeio foi cortada
em 10% e atingiu a área da cultura. Não existe orientação do governador para interferir na fundação", diz Arnaldo Madeira, secretário da Casa Civil do Estado.
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