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Del Rey relê RC em ritmo de aventura
DA REPORTAGEM LOCAL
A passagem de Roberto Carlos
pelo Pacaembu deve atrair muitas
das senhoras que o seguem há décadas e poucos dos moleques que
há pouco freqüentaram o mesmo
espaço num show gratuito dos
Racionais MC's. Mas há gente jovem de olho no "Rei". É o caso de
mais um grupo pernambucano,
Del Rey, que tem feito shows calcados no repertório do Roberto
roqueiro dos anos 60.
Assumidamente inspirado nos
conterrâneos mais velhos dos Sebosos Postizos, o grupo reúne os
integrantes do endiabrado Mombojó e o vocalista China, 24, ex-líder da banda hardcore Sheik Tosado. É ele que conta o porquê de
uma banda-homenagem a RC.
"Eu havia terminado o namoro
com minha atual mulher, estava
muito mal e passava o dia ouvindo o "Rei" em casa. Liguei para os
meninos do Mombojó: precisamos fazer uma banda que só toque músicas dele. O que eu queria
mesmo era trazê-la de volta para
mim, e ela acabou voltando. O
show também foi ótimo."
Felipe S., 21, vocalista do Mombojó e guitarrista do Del Rey, adiciona razão mais pragmática: "No
início era só alegria, a gente ganhava um trocado enquanto não
estava fazendo nada com o Mombojó. Ela tem a preferência, mas
quem sustenta hoje em dia os músicos é o Del Rey".
China comenta o crescimento
em geração espontânea da brincadeira: "Uma pessoa da nossa
idade vai a um show e, no próximo, leva os pais. Costumo dizer
que o Del Rey serve como instrumento agregador para a família".
Os meninos falam da relação
com RC em pessoa e de seu célebre hábito recente de vetar a
maioria das tentativas de outros
artistas em gravar suas músicas.
"Acho que ele nem sabe que o
Del Rey existe, e nem fazemos
idéia da reação dele quando souber que um monte de moleques
do Recife está tocando suas canções. A maioria dos nossos amigos se vê nas músicas da Legião
Urbana. Nós preferimos a verdade do "Rei". Se eu fosse ele, ficaria
muito feliz", afirma China.
Está certo, se é que vale a opinião do empresário de RC, Dody
Sirena: "Não tenho conhecimento da banda, mas fico muito interessado e curioso em saber mais
sobre eles e escutar o material.
Shows ao vivo não necessitam autorização, até acho importante as
músicas dele serem interpretadas
em vários estilos. Nossas restrições são para exploração do mercado fonográfico e publicitário".
Mas Felipe S. cutuca a empatia
entre o Rei e o Rey, seguindo receita de amor e ódio simultâneos
aprendida no romantismo de RC:
"Fico impressionado em como as
músicas da jovem guarda tocam
as pessoas até hoje. Hoje em dia
Roberto Carlos está num estágio
repugnante. Deve ser difícil permanecer no trono".
China suaviza. "Não interessa se
ele faz música para a gordinha ou
para o taxista. Ele é o "Rei", pode
fazer o que quiser. Respeitamos
suas inclinações".
(PAS)
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