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Griffith fixa normas com "Intolerância"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Com "O Nascimento de
uma Nação", em 1915,
D.W. Griffith teve sucesso e polêmica. Mais do que isso, fixou
as normas da montagem paralela. Em poucas palavras, essa
montagem supõe que duas ou
mais ações possam ocorrer simultaneamente no espaço ficcional de um filme. Digamos
que Griffith cria -tendo a
montagem ao centro- o cinema como conhecemos.
Em "Intolerância", optou por
baixar o tom da polêmica, já
que "O Nascimento de uma
Nação" tomara as dores dos
brancos sulistas derrotados na
Guerra de Secessão e elogiava
abertamente a Ku Klux Klan.
Nele adotou uma postura pacifista nas quatro histórias em
tempos diversos (na Babilônia,
nos tempos de Jesus, na França
da Contra-Reforma e nos EUA
contemporâneos ao filme).
As quatro histórias que tratam dos perigos da intolerância
são unidas pela imagem da
mãe que balança um berço
-com certeza a mais emblemática, embora a mais memorável seja a da Babilônia.
Griffith, que arriscara tudo
em "O Nascimento" -realizado com poucos recursos-,
dessa vez realizou uma superprodução, já que ninguém discutiria, naquela altura, que ele
era o maior diretor do mundo.
"Intolerância" deu azar. Produzido em 1916, foi lançado em
1917, quando os EUA abandonavam o isolacionismo e preparavam a entrada na Primeira
Guerra. Esteve longe de ser o
sucesso esperado por Griffith.
Mas o reabilitou das acusações
anteriores de racismo.
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