São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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Griffith fixa normas com "Intolerância"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Com "O Nascimento de uma Nação", em 1915, D.W. Griffith teve sucesso e polêmica. Mais do que isso, fixou as normas da montagem paralela. Em poucas palavras, essa montagem supõe que duas ou mais ações possam ocorrer simultaneamente no espaço ficcional de um filme. Digamos que Griffith cria -tendo a montagem ao centro- o cinema como conhecemos.
Em "Intolerância", optou por baixar o tom da polêmica, já que "O Nascimento de uma Nação" tomara as dores dos brancos sulistas derrotados na Guerra de Secessão e elogiava abertamente a Ku Klux Klan.
Nele adotou uma postura pacifista nas quatro histórias em tempos diversos (na Babilônia, nos tempos de Jesus, na França da Contra-Reforma e nos EUA contemporâneos ao filme).
As quatro histórias que tratam dos perigos da intolerância são unidas pela imagem da mãe que balança um berço -com certeza a mais emblemática, embora a mais memorável seja a da Babilônia.
Griffith, que arriscara tudo em "O Nascimento" -realizado com poucos recursos-, dessa vez realizou uma superprodução, já que ninguém discutiria, naquela altura, que ele era o maior diretor do mundo.
"Intolerância" deu azar. Produzido em 1916, foi lançado em 1917, quando os EUA abandonavam o isolacionismo e preparavam a entrada na Primeira Guerra. Esteve longe de ser o sucesso esperado por Griffith. Mas o reabilitou das acusações anteriores de racismo.


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