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Baseada em livro, peça sonda universo de um jovem autista
"Cachorro Morto", com texto e direção de Leonardo Moreira, estréia hoje em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
A investigação da morte de
um cão por um jovem autista é
o prosaico mote de "Cachorro
Morto", peça escrita e dirigida
por Leonardo Moreira, 26, que
o projeto Primeiro Sinal (vitrine de talentos emergentes da
dramaturgia) apresenta a partir de hoje, em São Paulo.
Moreira conta que seu interesse pelo autismo vem de longa data. Ele próprio, na infância, exibia traços comportamentais compatíveis com os de
alguns portadores da síndrome: guri de sorrisos minguados
e reduzida interação com o
meio, só começou a falar aos
três anos e meio.
No fim de 2007, o diretor fez
um curso de acompanhamento
pedagógico na AMA (Associação de Amigos do Autista). Dali,
pinçou características como a
dificuldade de assimilar toques
e ruídos e o enciclopedismo
(voltado, por exemplo, para a
matemática ou o aprendizado
das capitais do mundo).
Meses depois, voltou à instituição, elenco a tiracolo. Cinco
alunos com idades entre oito e
17 anos serviram de modelo para igual número de atores, que
se revezam no papel do garoto
detetive. O livro "O Estranho
Caso do Cachorro Morto", do
inglês Mark Haddon (lançado
aqui pela Record), também serviu de farol, além da comédia
"Muito Além do Jardim", com
Peter Sellers.
Comédia? "É um assunto doloroso, sim, mas que pode ser
tratado de forma leve. Se adotasse um tom solene, cairia no
preconceito. É preciso tratar a
diferença como mais um dado",
diz Moreira, que usa animações
(projetadas no chão) para mostrar as associações cognitivas
do protagonista.
(LUCAS NEVES)
CACHORRO MORTO
Quando: estréia hoje; qui., às 20h; até
31/7
Onde: Sesc Avenida Paulista - espaço
13º andar (av. Paulista, 119, São Paulo,
tel. 0/xx/11/3179-3700; livre)
Quanto: R$ 8
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