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ABL faz eleição hoje com recorde de candidatos
19 inscritos disputam a cadeira fundada por Machado de Assis e vaga desde a morte da escritora Zélia Gattai, em maio
Antônio Torres, Luiz Paulo Horta, Isabel Lustosa, Ziraldo e Fábio Lucas são os favoritos; salário é de R$ 15 mil e sessão semanal rende R$ 1.500
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Com 19 candidatos inscritos,
será realizada hoje a mais disputada eleição da história da
Academia Brasileira de Letras.
Os acadêmicos não arriscam
prognósticos para o favorito à
vaga deixada após a morte de
Zélia Gattai, em maio, e temem
até que a votação, marcada para
as 16h, termine sem vencedor.
Em jogo, estão o prestígio de
assumir a cadeira que já foi de
Machado de Assis e o salário de
R$ 15 mil mensais, acrescido do
jeton de R$ 1.500 por presença
a cada reunião semanal.
Para ser eleito, o novo integrante precisará do apoio de
pelo menos 20 dos atuais 39
imortais. No total, podem ser
realizados até quatro escrutínios. Se ao final nenhum conquistar a maioria, a eleição é
encerrada e tem início nova fase de inscrições. Segundo acadêmicos ouvidos pela Folha, os
votos estão divididos entre cinco candidatos: Antônio Torres,
Luiz Paulo Horta, Isabel Lustosa, Ziraldo e Fábio Lucas.
"A Academia não marchou
para um candidato único. Há
pelo menos cinco com votos. É
possível até mesmo que nenhum obtenha maioria", afirma Lêdo Ivo, que ocupa a cadeira de número 10. Antônio
Olinto, da cadeira 8, também
prevê uma votação difícil. "A
concorrência está tão forte que
até candidatos que mereciam
estar na Academia abriram
mão de concorrer, como foi o
caso do [Reynaldo] Valinho Alvarez", diz. Além do poeta, desistiram da disputa Ricardo
Cravo Albin, Cleonice Berardinelli e Jeff Thomas.
Para Alberto da Costa e Silva,
da cadeira 9, o número recorde
de inscritos é explicado pelo
longo período sem eleições.
"Havia uma demanda reprimida", diz. Desde 20 de junho de
2006 as portas do Petit Trianon carioca estavam fechadas
para novos sócios.
Outro fator importante é o
peso da cadeira, que adquire
ainda mais charme no ano em
que se comemora o centenário
da morte de Machado de Assis.
Além dos cinco favoritos, outros 14 sonham em assumir a
cadeira 23. São pessoas como o
aposentado paranaense Paulo
Hirano, 72, que neste ano
preencheu sua nona ficha de
inscrição. "Tudo que consegui
na vida foi através da persistência. Não vou desistir."
Para mostrar serviço, ele diz
enviar à ABL cópias de cartas e
artigos de sua autoria publicados na imprensa. Também
mandou um exemplar de seu
único livro publicado, "Extroversão", de 1979, assim como
impressões caseiras dos outros
47 títulos que estão na gaveta.
Felisbelo Silva, 77, que diz
ter 400 livros publicados e outros 60 à espera de editora, é
outro integrante dos "azarões".
Na quinta candidatura, diz esperar que os acadêmicos reconheçam sua "bagagem literária". "Tem candidato que não
tem nem dez livros. Eu já tenho
460 e pretendo chegar aos
500", afirma. O maior sucesso,
segundo ele, é "Como Redigir
Procurações, Contratos, Distratos, Requerimentos, Atestados". "Já está na praça há mais
de 30 anos", orgulha-se.
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